Está sobrando incendiário e faltando bombeiro no Brasil

 

* Mário Antonio Araujo————-

Vamos combinar uma coisa, apenas aqui entre nós, 200 milhões de brasileiros. Está sobrando carbonários com lança-chamas, e são poucos os disponíveis a jogar água nessa fogueira das vaidades ideológicas que se tornou o país. Até alguém como uma honesta canequinha na mão já ajudava a dispersar o calor excessivo que tomou conta de todo e qualquer debate.

A novidade, no limiar do segundo ano de mandato do atual governo, é um visível sinal de cansaço – nas pessoas e nas instituições – com o rescaldo da polarização que, mesmo desgastante e inútil, ainda emite perigosos sinais de espasmos. Rastilhos de pólvora ainda estão espalhados, aqui e acolá.

Há consenso, mesmo entre oportunistas que se mantêm calados por conveniência, que o Brasil não sofre nenhum grande risco de ruptura institucional. O que há são arroubos, fanfarronices e uma ou outra legítima apreensão diante de fatos que insistem em espocar temeridades irresponsáveis.

“Segurem os seus radicais, que nós seguramos os nossos”. A frase antológica, daquelas que qualificam um estadista, é do então chefe da Casa Civil do governo Geisel (1974-1979), o lendário, eminência parda da ditadura militar tão relembrada hoje em dia. Seria digno de aplausos que nossos militares de hoje prestassem a homenagem dessa lembrança.

O que não podemos é ver a economia de uma nação, o emprego de milhões de chefes de família, o futuro de milhões de jovens, a vida de todos nós ardendo no fogo de intrigas parlamentares, palacianas, partidárias ou egoístas. Chega de incendiários. Chamem os bombeiros.

(* Mario Antonio Araujo é jornalista do Portal R7).

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