Julgamento do senador Seif (PL/SC) será um claro recado para a sociedade catarinense
———(MARCELO LULA/SC em Pauta)————
É fundamental para a democracia o respeito às regras eleitorais. Constantemente vemos tentativas de burlar a regra do jogo, com tentativas de flexibilizar as leis por pura conveniência. Para que você tenha uma ideia mais clara, nos últimos 10 anos, leis sobre as eleições e partidos políticos sofreram uma modificação a cada seis meses no Congresso Nacional.
Conforme divulguei ontem, no próximo dia 26 o Tribunal Regional Eleitoral julgará a ação de investigação judicial movida pela coligação Bora Trabalhar (PSD, Patriota e União Brasil) contra a chapa que elegeu Jorge Seif Júnior (PL) para o Senado. Em jogo, não apenas a manutenção ou cassação de um mandato, mas, principalmente, o recado para a sociedade sobre o devido respeito às leis eleitorais. Não há espaço para a relativização, pois relativizar a lei é o mesmo que dar carta branca para que ninguém mais jogue dentro das regras, afinal, se um candidato pode burlar as regras, por qual motivo os demais também não poderão?
As provas contra Seif Júnior e o empresário Luciano Hang são contundentes. Começa pela manobra contábil do empresário Osini Cipriani, que emprestou o seu helicóptero para Seif usar durante um período da campanha, com o querosene de aviação tendo sido pago pela sua empresa, o que é vedado pela lei eleitoral, já que não pode haver qualquer tipo de financiamento privado para as campanhas. Alertado sobre isso, Cipriani confessou que fez um “ajuste”, como se pudesse desfritar o ovo que já estava inclusive servido, sacando contabilmente da empresa o valor correspondente ao combustível, uma forma de adequar a contabilidade interna da construtora.
Depois vem a relação com Luciano Hang que se tornou o principal cabo eleitoral da campanha de Seif. O empresário fez uso da estrutura de sua empresa, segundo a acusação, para turbinar o seu candidato. Tanto Hang quanto Seif negam. Mas não podem negar que o e-mail da Havan foi usado para divulgar as agendas de campanha, funcionários e até mesmo o helicóptero. E o que a acusação afirma no processo é muito verdadeiro. Hang não era um cabo eleitoral qualquer. Ele tem força e fez uso disso, inclusive, indicando o segundo suplente da chapa que é o empresário Hermes Klann.