A sordidez da Rede Globo
Jornalismo tem lado ? A rigor, não deveria ter, mas hoje já se pode dizer com segurança que o jornalismo da Rede Globo tem um lado sim e não é o lado dos que desejam combater a corrupção e trazer o país de volta ao desenvolvimento sustentável.
É sutil, mas o jornalismo da Rede Globo está contra o governo Bolsonaro, assim como esteve contra o candidato Leonel Brizola contra o candidato Lula no célebre pleito que elegeu Fernando Collor de Mello , e contra o governo de Michel Temer….
Trabalhei três anos em televisão e conheço todas as malandragens da produção de uma notícia para TV, seja para favorecer ou prejudicar a imagem de alguém. E isso pode ser feito desde a pauta, passando pela edição de imagem, de textos e ilustrações até chegar à apresentação e sua hierarquia. E há também o recurso da omissão!
Todo esse arsenal de maldades foi usado com fartura na recente tentativa de derrubar o presidente Michel Temer e começa a ser empregado também para criar embaraços ao novo governo que sequer foi empossado.
OUTRA MOTIVAÇÃO ?
Minha dúvida é se permanece a mesma motivação que produziu a guerra contra Temer (orientação de cima para baixo); na oposição, ainda velada, a Bolsonaro, parece que temos uma reação corporativa e preconceituosa ao presidente eleito….Jornalista, quando encana com um político, é fogo !
A má vontade se manifesta, diariamente, em todos os noticiários…é sempre implícita e nunca explícita…só mesmo com algum conhecimento da linguagem televisiva para decifrar a semeadura ardilosa que induz a rejeição ao novo governo…
Há muitos outros exemplos desde o primeiro turno (a rede não fez, por exemplo, uma cobertura adequada das caravanas de Lula na fase da pré-campanha, abrindo espaço para o que o PT transformasse em “sucesso retumbante”, uma série consecutiva de “fiascos”), mas fiquemos com os últimos exemplos, até por serem mais eloquentes…
UM HISTÓRICO DE MANIPULAÇÃO
O ministro Onyx Lorenzoni, durante coletiva, atacou o Coaf com virulência, assim que emergiu o relatório que aponta depósitos suspeitos na conta de um assessor (Fabrício Queiroz) de Flávio Bolsonaro.
Foi o suficiente para a Globo sair na defesa do Coaf: requentou e largou com destaque no Jornal Nacional o velho noticiário que mostra que o Conselho esteve presente em todas as grandes denúncias de corrupção desde o Mensalão.
Nenhuma frase para informar que todas as denúncias emergiram em delações premiadas, inclusive esta que deu origem a esse relatório divulgado a pedido de Renan Calheiros com o claro objetivo de criar embaraços ao governo que sequer foi empossado.
PASSIVO O TEMPO INTEIRO
Nenhuma frase para explicar que o Coaf agiu sempre longe do objetivo para o qual foi criado – nasceu para ser vanguarda e foi todo o tempo apenas reativo, pautado pelas delações.
Nenhuma frase para mostrar que a divulgação desse relatório foi criminosa por que fere frontalmente o artigo 5º da Constituição que protege o sigilo bancário dos cidadãos brasileiros.
Nenhuma frase para mostrar que o Coaf, que trabalha exclusivamente com informações sigilosas e protegidas por lei, não pode ser transformado em fonte primária da mídia como ocorreu nesse caso…
UMA SEMANA DE OMISSÃO
O bombardeio contra o filho e o pai começou já no dia 06/12, mas só no dia 12/12, ou seja, uma semana depois, a emissora foi revelar que havia mais 20 nomes de assessores de outros gabinetes da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (eu disse vinte!), alguns com valores bem maiores que o dos depósitos “suspeitos” da conta de Fabrício Queiroz….
No mais, a má vontade da emissora-líder com o novo governo aparece em toda parte, seja na inclusão do assunto diariamente nas manchetes de todos os jornais, seja na ênfase que os apresentadores dão às notícias que desfavorecem o presidente eleito, seja na montagem dos noticiários (em televisão, a última imagem ou o último assunto, é o que fica), seja no longo tempo de exposição dos assuntos desfavoráveis, seja na omissão de aspectos do assunto que possam favorecer os personagens duramente alvejados (há vários dias que circula nas redes sociais que há um erro contábil grave no relatório do Coaf, pois o valor real dos depósitos seria de apenas 600 mil, pois foram somadas entrada e saída do mesmo dinheiro)…
O que há de exasperante em tudo isso é que se trata de uma crise forjada – e alimentada – pelas forças que ainda resistem a aceitar o resultado das eleições deste histórico e higiênico pleito de 2018 e que a Rede Globo tem interesse em sustentar. (* Dirceu Pio é jornalista, escritor e especialista em comunicação empresarial).