Comandante Moisés (Carlos Moisés da Silva) não foi ao debate com Gelson Merísio

Com a ausência do candidato Comandante Moisés (PSL) no debate previsto para a noite desta quinta-feira (25) na NSC TV, o programa foi subsituído por entrevista ao vivo com o candidato ao governo de Santa Catarina no 2º turno, Gelson Merísio (PSD). Durante 20 minutos, Merísio respondeu a perguntas feitas pelo jornalista Mário Motta. O G1 acompanhou em tempo real.

A assessoria do candidato Comandante Moisés informou que por problemas de saúde ele teve os compromissos cancelados até domingo (28). Segundo atestado médico, Moisés está com infecção aguda nas vias respiratórias superiores.

A substituição do debate pela entrevista estava prevista nas regras assinadas pelos representantes dos dois candidatos.

Veja o que Merísio falou:

Gestão da dívida do estado

“Boa noite a todos os telespectadores que acompanham essa entrevista, que deveria ser um debate. Lamento a decisão do candidato Moisés não estar presente, mas compreendo. Ela nos tira a oportunidade de aprofundar uns temas absolutamente relevantes para Santa Catarina, que tem um histórico de bons indicadores, que tem um estado com qualidade de vida, mas que também tem muitos problemas a enfrentar pela frente. Problemas graves, como a própria renegociação da dívida, que tem que ser constante.

Nós temos um processo hoje que nos consome 6.7% da receita líquida do estado com o serviço da dívida. Há 15 anos atrás, já chegou a 12%. Portanto, a dívida do estado, de R$ 19 bilhões, é gerenciável do ponto de vista financeiro. O que nós precisamos é sempre buscar melhores condições para que nós possamos, com bons projetos, alavancarmos novas conquistas do ponto de vista de investimento.

Santa Catarina precisa investir. Lá em Itajaí, por exemplo, nós precisamos fazer a ponte que liga Itajaí a Navegantes. É a maior infraestrutura turística que nós precisamos no Vale [do Itajaí] porque vai ligar não Navegantes a Itajaí, vai ligar o Beto Carrero, o aerporto às cidades de Balneário Camboriú e Itapema. Obras como essa, uma aqui em Florianópolis: nós precisamos fazer a continuidade da Beira-mar Continental, ligando até a BR-101. Obras como lá em Joinville, onde precisamos duplicar os acessos ao município. Estão todos estrangulados. Obras lá em Blumenau, onde nós precisamos fazer a contenção das cheias acontecer, fazendo a barragem que está pronta para iniciar em Botuverá e também concluindo, lá em Rio do Sul, o Salto Pilão, que precisa fazer o canal extravasor.

Para isso, há que ter recurso e esse recurso tem que vir com alavancagem. Por isso, uma boa gestão da dívida vai permitir que Santa Catarina avance nessas obras de infraestrutura e, para isso, terá que ter um governador preparado, experiente, com uma equipe montada. Aliás, eu tenho montado a equipe antes da eleição, deixando claro que, nesta decisão de domingo, o eleitor vai escolher mais do que um governador, vai escolher um time para administrar Santa Catarina”.

Secretarias

“Nós precisamos de 5 mil policiais nas ruas. Como é que se paga o salário de 5 mil policiais? Nós vamos extinguir 1.200 dos atuais 1.400 cargos comissionados. Eles pagam os salários de 2.500 policiais. Nós temos que fazer uma mudança profunda, filosófica, no processo de gestão do estado, onde a indicação política desapareça. Comigo, os 40 deputados vão estar lá na Assembleia e não terão nenhuma indicação no Governo. Eles sabiam disso antes de começar a eleição, antes de serem candidatos. Os partidos da coligação também, desde o primeiro momento. Eles terão participação nas políticas públicas, jamais em indicação. Tanto é que nós teremos apenas dez secretárias e, das dez, seis já estão nomeadas.

Vou nomeá-las: O secretário da saúde será Cristina Pires, uma profissional efetiva do estado, com ampla experiência e qualificação para fazer a gestão da saúde. Na segurança pública, será o promotor de justiça Odair Tramontin, que é um dos coordenadores do Gaeco aqui de Santa Catarina. Na educação, será a Lúcia Dalagnelo, que é formada e tem doutorado em Harvard em Gestão da Tecnologia. A educação precisa dar um salto tecnológico, e ela é a pessoa preparada para fazer esse encaminhamento.

Na fazenda, será o atual presidente do Sebrae, Carlos Guilherme Zigelli, que é para dar uma demonstração clara do apreço e do respeito às micro e pequenas empresas. No desenvolvimento econômico, lá de Joinville, Jonas Tilp, com indicação e respaldo da ACIJ, Ajorpeme e de toda comunidade econômica de Joinville, que é a maior cidade de Santa Catarina. E a procuradora geral do estado será também uma procurada de carreira, a Fabiana Nogueira, hoje presidente da Associação dos Procuradores do Estado.

Se tivesse qualquer envolvimento político, jamais anunciaria no primeiro turno. Os outros quatro nomes remanescentes, estamos concluindo até amanhã, para fazerem todos, antes da eleição, as suas escolhas. Deixando claro aos catarinenses, que temos um avião para partir, e teremos tempo feio pela frente. O que nós vamos escolher domingo é o piloto. Se será um piloto experiente, que já conhece os problemas e sabe como enfrentá-los, ou vamos escolher um piloto que vai aprender a pilotar durante o voo. Mais do que isso: sem tripulação conhecida. A minha tripulação já está nomeada. E o grande serviço de um governador é não dar sustos na população. É não assustar o servidor público.

Aliás, Santa Catarina tem 105 mil servidores, ativos e inativos. Uma folha que, se não for bem gerenciada, se errar os primeiro movimentos, atrasa salário. E lá em 1998, o estado fez uma invenção. Escolheu a inexperiência e deu no que deu. Quatro folhas de pagamento atrasadas, coisa que jamais pode se repetir. Eu garanto que, comigo, não terá folha de salário atrasado. Agora, a inexperiência, movimentos equivocados, podem infelizmente levar a isso”.

Segurança pública

“Este é um dos motivos que lamento muito a ausência do Carlos Moisés aqui conosco porque todos nós compreendemos que temos que aumentar o efetivo das polícias, especialmente a Militar. Mas como fazer isso da forma convencional? Se as academias podem formar no máximo 1 mil policiais por ano, isso demora 11 meses. Se no ano que passou nós contratamos 1 mil, se aposentaram 870. Só tem uma forma: é chamarmos da reserva 5 mil policiais que tenham aptidão física, de forma voluntária, com uma nova remuneração, com a proteção e segurança do estado e com a estabilidade absoluta das suas conquistas e do seu status funcional.

Cinco mil policiais reconvocados significam economia de R$ 400 milhões na formação e cinco anos de tempo que poderemos desperdiçar para fazer toda essa formação. Este é apenas um dos exemplos. O segundo é de que toda a receita nova que nós tivermos no estado, toda a realização de artigos não essenciais para o serviço público serão transformados em investimento em segurança pública. Eu disse desde o primeiro dia: entendo que a grande decisão que o catarinense tem que tomar no domingo é qual a sua prioridade absoluta, e, para mim, é segurança pública. Ou nós enfrentamos agora o crime organizado, as facções, o fechamento de fronteiras,com um processo muito duro de combate ao crime organizado, ou perderemos o controle, como você colocou bem, como perdeu o Rio Grande do Sul. Hoje, Porto Alegre tem mais homicídios proporcionalmente do que o Rio de Janeiro. Está aqui do lado.

Nós não podemos permitir que isso aconteça em Santa Catarina. Isso é parte de uma agenda que o futuro governador vai enfrentar o ano que vem, junto com a saúde, junto com a segurança pública, junto com a educação, que precisa pagar melhor o professor e tem que encontrar formas para fazê-lo. Por isso mesmo, ter experiência, preparo, uma equipe e não ter, acima de tudo, um improviso. Improviso em voo é avião que não chega no destino e nós não queremos isso para Santa Catarina”.

Tecnologia

“Primeiro dar transparência absoluta a todos os processos. A tecnologia é a grande aliada do combate à corrupção. Lá na Alesc nós criamos a procuradoria para não permitir, em tempo real, que desvios aconteçam. Isso também faremos no estado. Mas mais do que isso. Com o processo tecnológico, daremos pleno acesso ao cidadão ao Tribunal de Justiça, MP e Tribunal de Contas, em tempo real, toda a execução orçamentária de todas as secretarias, de forma que qualquer desvio de conduta que venha a ocorrer, seja instantaneamente identificado e corrigido. Onde o ser humano existe, o desvio é possível. Mas combater e punir com rapidez é uma obrigação que nós temos. A minha vó já dizia: o melhor dos detergentes é a luz do sul. Dar luz aos processos é o melhor caminho para combatermos a corrupção”.

Saúde

“Segurança pública também é saúde porque uma pessoa que está insatisfeita com o processo de segurança também tem problema de saúde. É evidente, é mesmo. Educação, saúde e são primordiais à vida do ser humano e à vida da sociedade. Agora, o que nós dá essa condição, primeiro, é a segurança pública, que dá a condição de qualidade de vida. E na saúde, nós temos que ter dois fatos absolutamente claros. Primeiro, nós precisamos de mais recurso porque a saúde vai ficando sempre mais importante, os tratamentos vão melhorando, as pessoas vão ficando mais idosas, e isso é um bom sinal porque estão sendo m cuidadas, e precisamos de mais recurso.

Em 2015, eu aprovei na assembleia uma emenda constitucional, que está em vigor, elevando de 12% para 15% o percentual mínimo que o estado vai investir em saúde. Isso permitirá R$ 8 bilhões a mais nos próximos 10 anos. Mas não chega: nós precisamos de mais gestão com tecnologia, com integração plena, lá no posto de saúde do município lá do interior ao secretário de Saúde do estado. Não se faz saúde no estado sem que o município vá bem. Por isso temos o secretário da Saúde no ambiente municipal, no posto de saúde, com a integração tecnológica, com filas únicas que não permitam o fura-fila que infelizmente ocorre, com o fim da ambulância-terapia, que não se justifica mais.

Hoje nós temos em todas as regiões do estado condições técnicas de pessoal para atendermos e bem o nosso cidadão catarinense. Por isso, mais recurso e mais gestão com mais tecnologia vai melhorar a saúde. Em qualquer eleição futura, também será o principal problema porque as pessoas querem viver mais, viver melhor e é justo que isso ocorra. E a nossa obrigação é trabalhar para melhorar constantemente”.

Educação

“Curto prazo em educação é o ano letivo que começa em janeiro. Para isso, temos que trabalhar com muito afinco, muita verdade e sinceridade para melhorar o salário do professor. O professor precisa ganhar mais. Toda receita que nós aumentarmos será destinada a aumentar o salário do professor. E também melhorar o ambiente da escola. Isso se faz aumentando a autonomia do gestor, e também da APP. No médio prazo, nós temos que estudar a educação como um todo. Não é só Santa Catarina. O Brasil não aprendeu a forma correta de lidar com o adolescente neste novo formato de relação do aluno com o professor.

Nós temos um processo de tecnologia que a educação ainda não apropriou. Nós temos uma geração de alunos digitais, com formato de ensino analógico. Construir um novo processo para isso, por isso mesmo a pessoa que nós fomos buscar para ser a nova secretária da educação, é formada e tem doutorado em Harvard em Gestão da Tecnologia. Se nós conseguirmos apropriar tecnologia ao ensino, de forma que o jovem, vocacionado ao emprego na sua região, especialmente no ensino médio, possa ter um aparato tecnológico, que tenha a individualização do seu conteúdo, individualize a sua avaliação, lhe dê a certeza de um emprego após sair do ensino médio, ele vai ter mais atrativos na escola e o professor terá a realização profissional”.

Concurso público para a saúde

“Hoje nós temos 20 mil ACTs. No ano que vem, nós faremos um concurso público para trazermos 5 mil professores porque isso não muda no perfil da folha de pagamento. A diferença é muito pequena entre o ACT e o efetivo. Mas melhora muito a questão previdenciária. O ACT tem uma contribuição diferente do que tem o efetivo, além de dar mais segurança ao professor efetivo , especialmente no ensino especial.

Na educação especial, aliás, nós vamos refundar a Fundação Catarinense de Educação Especial de forma que ela volte a ser um formador de professores e dar uma atenção melhor às famílias lá do interior, aos professores que possam identificar precocemente uma avaliação que está sendo mal feita, mas que possa também permitir ao professor a segurança de ter um concurso público feito. Vai melhorar a questão previdenciária do estado e vai dar segurança ao professor. Cinco mil ano que vem e nós queremos, até o final do governo, fazermos um processo de quase a totalidade ser efetivada, e não mais por ACT”.

Servidores públicos

“Nós temos que ter paciência. Temos que construir junto com a UDESC o Instituto de Indicadores. Indicadores confiáveis em todas as áreas. Que o servidor entenda como correto e que a sociedade compreenda que é aquilo mesmo. Tendo os indicadores se estabelecem metas exequíveis, que possam ser atingidas. Sendo atingidas, a remuneração que aumente o valor real recebido pelo servidor. Isso vai diferenciar quem tem vocação, engajamento, de quem apenas faz de conta que trabalha, porque é efetivado e não pode ser demitido. Isso para o serviço público é muito ruim. Grande parte dos servidores quer estar engajado, quer ser remunerado da forma adequada, mas precisam de desafios. Isso se faz com indicadores, com justiça, e, acima de tudo, com um processo transparente, onde o servidor saiba que está sendo avaliado e será remunerado pelo seu esforço e dedicação”.

Relação com a Assembleia

“É difícil falar num processo eleitoral não tendo meu concorrente participando, porque sempre fica delicado falar de quem não está presente. Agora, no caso concreto, é inegável que o candidato Carlos Moisés já acertou o seu entendimento com o PMDB. Eu acho isso ruim. Desde o princípio do processo, quatro anos atrás, eu defendi o rompimento com a aliança do PMDB. Com o PMDB da cúpula, não com o eleitor.

Eu respeito o eleitor do PMDB. Agora, esta cúpula que está há 16 anos no poder, ela contribuiu com o estado, e precisa deixar agora que isso seja refeito. Ter uma nova aliança agora, do PSL com o PMDB, é manter o PMDB no governo e eu não acho isso bom. Por que? Porque o PMDB é muito apegado a cargo, e nós precisamos fazer o processo de dissecação, o processo público precisa ser enxugado. Um servidor a mais numa regional é um policial a menos na rua. Por isso mesmo, o meu processo de relação com a Assembleia não vai ser de troca-troca, de emprego, de função gratificada, de indicação política.

Fui presidente da Assembleia três vezes, e as três vezes fui eleito por unanimidade. Nunca permiti que nenhum parlamentar indicasse um servidor, uma indicação política para os cargos de administração da Casa. Por isso mesmo cortamos privilégios devolvemos R$ 330 milhões em economia, reduzimos de 828 para 400 o número de servidores efetivos. Porque a gestão era técnica e eficiente. E aí, lamentavelmente, o PMDB errou. Isso é muito difícil de se fazer. Por isso, no meu governo, se eu for eleito domingo, o PMDB não estará no governo. Já no meu oponente, com absoluta certeza estará, o que eu não acho bom para Santa Catarina”.

Transporte

“Primeiro, capacidade de investimento. O meu vice-governador é um prefeito experiente que vem lá de Blumenau. Eu sou contra pedágio porque o Estado tem que ter instrumento para fazer os investimentos. Nós temos aí uma capacidade muito grande de buscar recurso com projetos que tenham sustentação econômica. Com competência, preparo e acima de tudo, elencando claramente aquelas obras prioritárias que tenham resposta econômica, em termos de crescimento de competitividade, em termos de crescimento, por consequência, de receita tributária”.

Cultura e turismo

“Olha, cultura é cuidar da alma das pessoas. E o Estado vem negligenciando um pouco esta área. Então eu quero dar todo apoio para que a cultura do catarinense tenha sido uma experiência nova a ser construída. E no turismo, vamos fortalecer a Santur, com pessoal técnico, qualificado, que permitam a resposta em termos de estrutura de turismo. O turismo em si é feito pelo empreendedor catarinense vocacionado, que já corresponde a 13% da nossa receita do Estado de Santa Catarina”.

Considerações finais

“Eu quero pedir ao eleitor que faça uma comparação. Porque a eleição que vai ser no domingo vai escolher quem vai cuidar da segurança das nossas famílias, vai cuidar da saúde do seu filho, vai cuidar da educação de todos os catarinenses. Poder comparar e escolher o melhor para Santa Catarina, escolher o melhor para o Brasil, é algo que vai nos dar a segurança em continuarmos a ter um estado que dê prazer em viver. Eu tenho muito orgulho em morar e viver em Santa Catarina. Gostaria muito de poder, como governador, de poder contribuir para que esse Estado continue maravilhoso como ele é”. (G1/SC).

Posts Similares

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *