Fato raro na política brasileira, o deputado Jair Bolsonaro (PSL) está consolidado como líder nas intenções de voto para a Presidência da República. Os analistas não discutem mais sobre sua ida para o segundo turno. As avaliações agora são se Bolsonaro poderá ser beneficiado com esta onda nacional ao ponto de se eleger no primeiro turno.
Não há precedentes na história nacional. Um candidato sem partido, sem tempo de televisão, sem estrutura se transforma num dos favorito na corrida presidencial, mesmo concorrendo com tradicionais candidatos de outras eleições, como Geraldo Alckmin, Ciro Gomes e Marina Silva, rejeitados pela maioria. O fenômeno Bolsonaro remete às manifestações populares de 2013, quando milhões de brasileiros foram às ruas contra a corrupção, contra o sistema carcomido e contra a velha política.
O povo mandou seu recado, repetiu várias vezes nos anos seguintes, mas as velhas raposas da política nacional não entenderam nada. O candidato do PSL lidera a disputa porque se posicionou contra setores da esquerda jurássica, destrutiva e corrupta.
O deputado há décadas tem como marca na carreira enfrentar a bandidagem. Propõe ação rigorosa e eficiente das forças policiais contra os criminosos. Critica os direitos humanos que, segundo ele, protegem bandidos, mas nunca teriam dado uma palavra de conforto aos familiares das vítimas. Bolsonaro encarnou a insatisfação de boa parte da população. Transformou-se no anti-PT e anti-Lula.
Dentro desse universo que apoia Bolsonaro, os jovens foram os primeiros a adotar a candidatura dele porque cansaram do desemprego, da inversão de valores, da bagunça irritante que deprime os brasileiros. Querem estudo, emprego e segurança. Os adultos que simpatizam com ele se juntaram ao candidato porque rejeitam greves políticas irresponsáveis, reprovam invasões a terras produtivas, condenam a destruição do campo e são contra a imposição da ideologia de gênero nas escolas. Para esta parcela da população, Bolsonaro virou o porta-voz do protesto.