O MDB de Santa Catarina, a relação com o Governo Federal e o deslocamento do bolsonarismo
———- Blog de Marcelo Lula/ SC em Pauta————
Os posicionamentos do MDB catarinense em relação ao Governo Federal e, até mesmo, o descolamento do bolsonarismo – assunto já abordado pela coluna – abriram o campo para a articulação de alianças pelo estado com partidos do centro e da esquerda.
O fato é que lideranças como o presidente da Assembleia Legislativa, Mauro De Nadal, e o presidente estadual, deputado federal Carlos Chiodini, além do também deputado Valdir Cobalchini, deram o pontapé inicial em ações e declarações comparando os investimentos do atual Governo Federal com a gestão de Jair Bolsonaro (PL). De Nadal chegou a ser o mais enfático, ao falar em passeio de jet ski, em clara crítica ao ex-presidente.
Muito embora o eleitor mais bolsonarista possa entender esses movimentos como uma ida do MDB para a esquerda, o fato é que os emedebistas de Santa Catarina, que sempre se posicionaram mais à centro-direita, entenderam que, ou buscam o seu lugar olhando para o passado, quando o partido tinha o protagonismo da política catarinense, ou serão engolidos por um bolsonarismo que não os vê como parte do clube da extrema-direita, apesar de algumas lideranças do MDB erroneamente acreditarem que são.
Portanto, serão vistas nas eleições alianças dos emedebistas com o PT e demais partidos de centro e esquerda, assim como com o Partido Liberal, que hoje abriga o bolsonarismo. Conforme me disse uma liderança do MDB, o partido se casará com todos que tiverem bons projetos a apresentar.
Um casamento entre petistas e emedebistas que está próximo de se confirmar é em Chapecó. O deputado estadual Padre Pedro Baldissera será o nome do PT na majoritária. Ele está à disposição para disputar o pleito municipal na cabeça, ou como vice, e o partido mais próximo é o MDB, que poderá ter o ex-vereador Cleiton Fossá ou o ex-prefeito Luciano Buligon na majoritária. O PDT e o PCdoB também participam das conversas.
Acontece que isso também é reflexo de um assunto que vem ganhando força em Brasília, que é uma possível aliança PT e MDB para o projeto de reeleição do presidente Lula (PT) em 2026. A ministra do Planejamento, Simone Tebet, é cotada para vice; porém, não se descarta a possibilidade do atual vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) se filiar ao MDB para repetir a chapa com Lula.
E A RELAÇÃO COM O PL?
Mesmo se aproximando do PT, os emedebistas de Santa Catarina não pensam, pelo menos até o momento, em se afastar do Partido Liberal. A questão é puramente pragmática. O MDB quer seguir na base do governo de Jorginho Mello (PL) na Assembleia Legislativa e pretende, inclusive, ampliar o seu espaço e poder de influência no Centro Administrativo. Por outro lado, o governador não pode nem sonhar em perder o apoio dos emedebistas, que, em algumas votações importantes para Jorginho, levaram toda a bancada ao plenário, enquanto faltavam deputados do PL. Será como um relacionamento aberto: MDB e PL seguirão morando juntos em Santa Catarina, mas com a liberdade de dar aquela namorada fora de casa.