Ratinho Jr. quer sair do bolsonarismo, mas o bolsonarismo não quer sair de Ratinho Jr.

——-(FOLHA DE SÃO PAULO E BLOG DO ESMAEL DE MORAES)——-

Ratinho Junior (PSD), governador do Paraná, está vivenciando um período de transformações e desafios em sua trajetória política, anota nesta segunda-feira (30/10) a Folha.

Enquanto flerta com a possibilidade de se lançar como candidato à presidência em 2026, ele busca imprimir seu estilo de gestão durante o segundo mandato à frente do governo paranaense, escreve a repórter Catarina Scortecci.

A primeira gestão de Ratinho Jr. foi marcada pelos impactos da pandemia da Covid-19, mas agora, segundo o texto, ele promete tirar projetos de infraestrutura do papel, com foco especial no desenvolvimento do litoral.

Ratinho Junior, filho do famoso apresentador de televisão e empresário Carlos Roberto Massa, conquistou a reeleição no primeiro turno no ano passado, obtendo cerca de 70% dos votos.

Durante sua campanha, alinhou-se estreitamente com o então presidente Jair Bolsonaro (PL), que, no entanto, sofreu uma derrota nas urnas.

Uma das grandes promessas do governador é a realização de obras de infraestrutura, em especial no litoral do estado.

Recentemente, Ratinho inaugurou o canteiro de obras para a construção da Ponte de Guaratuba, um projeto aguardado há décadas pelas prefeituras locais.

A previsão é que a ponte seja concluída até o final de seu mandato, em dois anos.

Essa iniciativa visa melhorar a mobilidade e a conectividade da região, afirma o Palácio Iguaçu.

Além dos projetos de infraestrutura, Ratinho Junior busca se reposicionar politicamente.

Enquanto mantém seu apoio às privatizações e adota uma postura de direita, ele opta por uma abordagem mais moderada, diferenciando-se do ex-presidente Bolsonaro.

Um exemplo notável disso é a transformação da Copel (Companhia Paranaense de Energia) em uma corporação sem acionista controlador, diz a reportagem da Folha.

Desde o início do ano, Ratinho tem distanciado-se do bolsonarismo, mesmo mantendo sua atenção no eleitorado do Paraná, onde o ex-presidente obteve uma expressiva votação.

Um sinal claro dessa mudança foi a decisão de manter as escolas cívico-militares, em contraposição à decisão do Ministério da Educação de encerrar o programa federal que havia inspirado o modelo paranaense.

Ratinho Junior também tem buscado parcerias políticas em nível nacional, isto é, com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Ele participou ativamente do leilão das estradas do Paraná ao lado do ministro Renan Filho, evento que envolveu a concessão de rodovias federais e estaduais a empresas privadas.

Essa colaboração entre Ratinho e um membro do governo de Lula gerou controvérsias no Partido dos Trabalhadores do Paraná.

Com uma base aliada sólida na Assembleia Legislativa do Paraná (ALEP), Ratinho enfrenta obstáculos como decisões judiciais que podem temporariamente paralisar seus projetos, como no caso da ponte de Guaratuba.

Além disso, enfrenta questionamentos do Ministério Público Federal em relação a outras obras no litoral, como a engorda da faixa de areia das praias e a supressão de vegetação de Mata Atlântica.

O governador argumenta que tais ações são cruciais para o desenvolvimento local.

Apesar de seus aliados propagarem a possível candidatura de Ratinho à presidência, uma candidatura ao Senado é vista como uma alternativa caso ele não opte por concorrer à presidência em 2026.

O presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, já indicou que a sigla poderá lançar Ratinho como candidato próprio, destacando a força política que ele representa.

A agenda conjunta de governadores do Sul e Sudeste, intensificada desde meados do ano, reflete a busca por maior representatividade política.

Ratinho e outros governadores estão focados em questões como a reforma tributária, e a movimentação nos bastidores políticos indica que 2026 será uma disputa presidencial marcada por interessantes reviravoltas.

O governador paranaense também é lembrado para a vice até mesmo do próprio Lula, a despeito de sua momentânea preferência pela direita.

(A reportagem da Folha não aborda o caso do marroquino espião, que, em nome de Ratinho Jr., grampeava “Deus e o mundo” – segundo a oposição na ALEP).

Moral da história: Ratinho Jr. quer sair do bolsonarismo, mas o bolsonarismo não sai de Ratinho Jr.

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