A nomeação do filho para a Casa Civil e a fala de Jorginho como crítica a Bolsonaro

———(MARCELO LULA)——–

O governador Jorginho Mello (PL), ao se sentir constrangido em relação à posse do próprio filho como secretário de Estado da Casa Civil, acabou fazendo uma fala a alguns colegas que foi entendida como crítica ao ex-presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), principal responsável pela sua eleição no ano passado.

Um pouco antes da abertura do Congresso dos Municípios, Associações e Consórcios de Santa Catarina (Comac-SC), ontem à noite, o colega Upiara Bosch perguntou sobre a nomeação de Filipe Mello e ouviu como resposta que o governador não gosta de pôr família no governo. “Para que pôr família? Fica Família Bolsonaro, Família Amin…”, respondeu Jorginho. Para alguns, a resposta foi uma brincadeira, mas nem todos entenderam assim. Teve liderança do PL que criticou a fala que teve um tom de crítica.

Por mais leveza que se tente encontrar no que foi dito, o fato é que brincando, Jorginho externou um pensamento que ele tem, tanto, que também citou a família do senador Esperidião Amin (Progressistas). Vale lembrar que todos os filhos adultos de Bolsonaro, de alguma forma, estão na política, situação que parece não contar com a concordância de Jorginho Mello.

O fato é que o governador, ao titubear na resposta, mostra uma insegurança indevida, afinal, todos sabem que Filipe Mello é a eminência parda do atual governo. É a única pessoa em quem o desconfiado Jorginho confia de olhos vendados, até por uma questão óbvia: é seu filho! Quem transita pelos bastidores do governo, fala abertamente que muitas decisões passam por Filipe, que também é responsável por avaliar se um nome merece uma chance no governo, por melhor que seja o currículo.

Além dessa participação não oficial, mas que é real de Filipe, também tem o fato de que não há qualquer ilegalidade em nomeá-lo. Alguns deputados, inclusive, desejam que ele logo assuma o comando da Casa Civil por entenderem que será um secretário empoderado, com amplos poderes de decisão.

Quanto a Danieli Porporatti, ela realmente deixou o cargo e só voltou após uma longa conversa. Segundo uma alta fonte do governo, de fato houve uma forte discussão. “Na quinta-feira de fato houve uma divergência entre eles. Ela de cabeça um pouco quente acabou falando o que não deveria ter falado, mas pelo que entendi, hoje (ontem) já conversaram à tarde e se acertaram”. Ontem também para Upiara, Jorginho disse que Porporatti “estava meio doente, estressada” e que estava se recuperando.

Jorginho precisa entender que um governador hesitante gera incertezas no próprio secretariado e expõe uma imagem de fraqueza aos olhos externos, sobretudo do parlamento. A visão de alguns deputados é que o governo está sem rumo, o que não deixa de ser verdade, afinal, se não fosse a mão da Assembleia Legislativa, os principais projetos votados até agora, ou não teriam sido aprovados, ou passariam com uma série de brechas que poderiam complicar e muito, o próprio governador.

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