Federação das Indústrias de Santa Catarina e a exposição de 125 anos do legado de Celso Ramos
Com a atividade, a Federação das Indústrias homenageia o industrial que, em 1950, liderou sua fundação e a presidiu até ser eleito governador, em 1960; seu mandato foi orientado por estudo socioeconômico realizado pela própria Federação; a exposição também tem versão virtual, permanente, na internet.
A simbiose que Celso Ramos (1897-1996) promoveu entre os cargos de presidente da Federação das Indústrias (FIESC) e de governador do estado é a linha condutora da exposição “125 anos: o legado de Celso Ramos”, que a FIESC realiza a partir desta sexta (19) até 16 de junho, em sua sede (rod. Admar Gonzaga, 2765, bairro Itacorubi) em Florianópolis. Ao se valer de um amplo estudo realizado pela FIESC para construir seu Plano de Metas do Governo (Plameg), Celso Ramos se tornou um ícone da visão de planejamento estratégico.
Com a exposição, que terá também uma versão virtual e permanente, hospedada no site da entidade, a FIESC homenageia o industrial que liderou sua fundação e a presidiu, sempre atento à promoção do desenvolvimento estadual.
Na década de 1950, Celso Ramos se dedicou à FIESC enquanto os irmãos militavam na política, seguindo os passos do pai, Vidal. O principal expoente no campo político era Nereu Ramos, até hoje único catarinense a ter presidido o Brasil.
No entanto, a morte de Nereu, em acidente aéreo em São José dos Pinhais-PR, na tarde de 16 de junho de 1958, mudou os rumos da política catarinense e Celso Ramos foi alçado à liderança política da família e do Partido Social Democrático (PSD).
Com o desaparecimento de Nereu – no mesmo acidente que matou o então governador catarinense Jorge Lacerda e o deputado Leoberto Leal – Celso se lançou a uma apressada candidatura ao Senado, em eleição que ocorreu dois meses depois, e, em 1960, ao governo do estado.
“A gestão de Celso Ramos no governo do estado foi um divisor de águas e o sucesso deste trabalho está profundamente ligado ao planejamento feito previamente, quando ainda presidia a Federação das Indústrias”, comenta o atual presidente da FIESC, Mario Cezar de Aguiar.
Ainda na presidência da entidade empresarial, ele comandou a realização do Seminário Socioeconômico, o maior estudo já realizado sobre os problemas que impediam o pleno desenvolvimento do estado, com mais de 3 mil questionários respondidos e eventos nas principais cidades do estado. As deliberações da pesquisa fundamentaram o Plano de Metas do Governo (Plameg), a plataforma de seu mandato no comando do executivo estadual.
“Foi uma espécie de pós-graduação informal sobre Santa Catarina que Celso Ramos e seus assessores diretos fizeram”, comenta Aguiar. “Desta forma, seu governo se tornou uma referência em termos de planejamento integrado de diversas áreas”, acrescenta.
O Seminário Socioeconômico, iniciado em 29 de outubro de 1959 em Chapecó, abordou 15 temas que se refletiam diretamente na competitividade do estado. “Nenhum fenômeno passou ao largo. O da inflação como o dos percalços do crédito; a angústia dos transportes como a carência de energia elétrica; o mau aparelhamento sanitário como a precariedade da agricultura; o problema da habitação como o da terra e das comunicações; a pesca como a madeira, o mate e o carvão; a necessidade de valer o homem, tanto quanto o de lhe tornar possível o acesso à educação; tudo foi por igual perquirido e analisado”, diria o próprio Celso Ramos, em outubro de 1960, no encerramento do Seminário, em Florianópolis.
“Não só a queixa se ouviu […]; junto ao problema, os catarinenses colocaram a solução que desejavam adotada”, acrescentava, falando ainda como presidente da Federação das Indústrias e já como governador eleito. “O ímpeto do desenvolvimento é também agora catarinense. […] este diálogo […] vai ter curso daqui para frente. É o compromisso do industrial com o povo que o fez governador”, asseverava.
O registro destes pronunciamentos integra a exposição, que mostra outras referências ao Seminário e ao Plameg, além da gestão da crise provocada pela renúncia do presidente Jânio Quadros, em 1961 e da instalação do regime militar em 1964, documentos pessoais, fundação da FIESC e o pensamento de Celso Ramos sobre diversos temas.
Registros fotográficos mostram Ramos com seus pais e irmãos, esposa e filhos, com personalidades nacionais e internacionais e nas duas fazendas que teve. A primeira, na Coxilha Rica, em Lages, que vendeu nos anos de 1930, para se transferir para Florianópolis, e a segunda, no bairro Canasvieiras, em Florianópolis – na qual passou os últimos anos de sua vida, dividindo seu tempo com a residência no centro da Capital. Um dos documentos mais relevantes é a fotografia dos irmãos Celso e Nereu, na convenção do Partido Social Democrático (PSD), na noite de 15 de junho de 1958, véspera do dia do acidente no Paraná e que seria a última foto de Nereu Ramos.
As duas versões da exposição reúnem parte das fotografias, documentos e objetos do acervo pessoal de Celso Ramos, composto por mais de 1,5 mil itens, além do próprio Acervo Cultural FIESC.
Na foto estão os governadores do Paraná, Nei Braga, do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, o vice presidente da República João Goulart, o presidente Jânio Quadros e o governador de SC, Celso Ramos – Arquivo, Fiesc. (Claudio Prisco Paraíso).