Janja, uma primeira-dama, natural de União da Vitória, mais à frente das decisões
Uma primeira-dama mais à frente das decisões, Rosângela da Silva, sociólaga, natural de União da Vitória, a Janja, reafirmou, ontem, o poder de influência e participação em assuntos do governo. Durante a campanha, a socióloga de 56 anos já tinha organizado eventos reunindo artistas em apoio a Lula, 77.
Janja foi responsável pela cerimônia de posse do marido do início ao fim. A socióloga acumulou tarefas e centralizou parte das decisões do evento. Uma de suas maiores vontades desde o início da organização era a entrada com a cachorra da família, uma vira-lata chamada Resistência, que viveu a vigília Lula Livre, enquanto o presidente estava preso no cárcere da Polícia Federal, em Curitiba (leia mais nesta página).
Pessoas com acesso à organização da posse afirmaram que todas as deliberações dependeram do aval da primeira-dama. O desejo de Janja, desde o início, era que Brasília vivesse uma “grande festa popular”. Por isso, foi ela quem desempenhou o papel de convidar diversos artistas do informalmente chamado Lulapalooza, o festival de música realizado ontem, na Esplanada dos Ministérios.
À frente da coordenação da posse, Janja deu a palavra final sobre os participantes do evento, que batizou como Festival do Futuro. Todos eles têm uma coisa em comum: estão profundamente comprometidos com a esquerda e participaram da campanha de alguma forma, explicou Janja.
SAIBA MAIS
SIGNIFICADO
A esposa de Lula já afirmava que pretende “ressignificar o papel de uma primeira-dama”, como militante no combate à fome e na luta pela igualdade de gênero. Segundo um interlocutor do governo, a passagem da faixa presidencial por pessoas que representam a diversidade do povo brasileiro foi idealizada por Janja, desde o início dos preparativos da posse.
Quebrando um dos atos mais tradicionais de posses presidenciais, iniciado ainda na Proclamação da República, em 1889, a petista conseguiu limitar o ruído que poderia incomodar autistas e animais, como a tradicional salva de 21 tiros de canhão. Até mesmo os horários do festival foram calculados por ela. “A gente espera começar por volta das 17h, porque quer contar com o belo pôr-do-sol de Brasília para termos lindas imagens”, afirmou.
Janja também teve um papel importante na comunicação do evento, podendo opinar sobre a estética do evento e nas peças publicitárias divulgadas nas redes do partido. A socióloga multiplicou as publicações na internet sobre os shows, com pedidos para doações para o festival de R$ 8 milhões, financiado pelo Partido dos Trabalhadores (PT).
ROUPA
A escolha da roupa usada na cerimônia da posse dá uma amostra das causas que Janja pretende defender nos próximos quatro anos. A socióloga dispensou o vestido e apostou em um dos símbolos da pauta feminista: um terninho claro. Composto por calça pantalona, colete e blazer acinturado com uma leve cauda, o visual é assinado por Helô Rocha, com a colaboração do ateliê Casa das Bordadeiras, de Natal (RN).
O conjunto de alfaiataria traz elementos que rementem à sustentabilidade e à valorização do artesanato regional. O tecido, crepe de seda, é vintage, reaproveitado de outra roupa. Helô Rocha, que também assinou o vestido de casamento da socióloga, optou por um tingimento natural, de caju e ruibarbo. Os bordados fogem da tradicional pedraria: em vez disso, foram usadas fibras brasileiras, trabalhadas manualmente por um grupo de mulheres nordestinas, as mesmas que decoraram o traje de noiva de Janja.
Em entrevista à publicação de moda Vogue Brasil, Janja explicou a escolha do traje. “Queria vestir algo que tivesse simbolismo para o Brasil, para os estilistas, para as cooperativas e para as mulheres brasileiras.” À noite, para a recepção no Itamaraty, a primeira-dama usou um vestido azul, parceria de Helô Rocha com a marca Neriage. Da matéria-prima à confecção, a produção é 100% nacional, para atender o desejo da primeira-dama.
(Com informações do CB).