Como deve ser a relação do governador Jorginho Mello (SC) com a presidente Lula

Em entrevista à colunista do ND+, Karina Manarin, o governador eleito ponderou que a vitória não foi completa sem a eleição de Bolsonaro, mas defende que “a política é assim, o desejo da maioria”.

Mello seguiu afirmando que respeita quem tem mandato e já se relacionou com políticos de outras ideologias, como Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Dilma Rousseff (PT) e o próprio Lula.

“O Bolsonaro é um amigo pessoal e a minha relação é para representar o meu Estado. Vou defender o Estado de Santa Catarina sob qualquer aspecto.”

“Para estar comigo tem que estar defendendo Santa Catarina, vou prestigiar nossa bancada federal que sempre foi muitos atuante, trabalhando de forma conjunta, independentemente de partido, com 16 deputados, três senadores. Vou procurá-los já na semana que vem para tratar de emendas de bancada”, destacou o governador eleito.

Especialistas ouvidos pela reportagem do ND+ avaliam que o pragmatismo do governador e presidente eleitos serão cruciais para garantir recursos ao Estado, mas ambos afirmam que os investimentos serão muito reduzidos no próximo ano.

PRAGMATISMO POLÍTICO

O professor de Ciência Polícia da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), Tiago Borges, avalia que tanto Jorginho quanto Lula são políticos pragmáticos e a relação do Estado com o governo federal não deve gerar problemas.

“Apesar de o Jorginho ter se posicionado fortemente por Bolsonaro, ele é pragmático e o Lula também. Não vejo que teria algum tipo de problema a priori, vejo que é possível uma relação positiva para o Estado, até porque o Lula tem uma rejeição muito grande [no Sul] e no discurso dele busca meios para unir o país, o que passa por investimentos na região Sul e Sudeste”, diz Borges.

Em relação a investimentos, o professor acredita que pode ser um período inicial difícil por conta de abusos vistos nas Eleições 2022.

“Mas não quer dizer que o Estado esteja sendo prejudicado de maneira planejada, mas muitas vezes a situação econômica não favorece investimentos, pelo que os economistas falam vai ter um ônus econômico no próximo ano.”

Mesmo assim, Borges afirma que não vê o porquê de não existir algum tipo de investimento, especialmente nas áreas consideradas essenciais, como saúde e educação, pelas promessas que foram feitas pelo petista ao longo da campanha.

O economista e professor da Univali, Eduardo Guerini, comenta que as políticas públicas que foram precursoras de grandes investimentos na saúde e educação nos governos Lula deverão retornar e poderão ser sentidas pontualmente pelos catarinenses.

O professor, porém, pondera que “é um dado positivo, mas na prática, Santa Catarina terá muita dificuldade de articular grandes investimentos, a não ser nessas políticas setoriais de maneira bastante residual”.

QUEDA DE RECURSOS E RETRAÇÃO DA ECONOMIA

Na avaliação de Guerini, as dificuldades econômicas não permitirão grandes investimentos no Estado, aliás, ele avalia que haverá cortes abruptos, especialmente por medidas econômicas tomadas pelo atual governo.

“Em primeiro lugar, a redução eleitoreira do preço dos combustíveis que retirou parcela significativa de recursos do ICMS sobre os combustíveis, o que implica numa queda na arrecadação nos próximos meses para o Estado de Santa Catarina e todos os Estados que tiveram redução no ICMS”, destaca.

“É um descalabro, tendo em vista que Santa Catarina é uma província do bolsonarismo, de uma bancada que tinha grande aderência ao governo federal e acabou não conseguindo alavancar recursos e investimentos para obras essenciais, principalmente na infraestrutura de Santa Catarina.”

Além disso, a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) de 2023 do governo federal já apresenta uma redução significativa em todas as áreas, destaca Guerini, e há uma projeção de crescimento que seria menor que a projeção no início de 2022.

“Na verdade, teremos muitas dificuldades nos próximos anos para que Santa Catarina alavanque investimentos federais no Estado”, finaliza.

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