Entenda a importância do seu voto!

É bem comum, em anos eleitorais, que assuntos sobre política estejam presentes na mesa do almoço em família, na hora da cervejinha e, até mesmo, nas reuniões de trabalho. Contudo, tenho certeza de que, em algum momento, você já ouviu alguém dizer: “não gosto de política, prefiro não me envolver”. Uma comprovação disso são os 24% de brasileiros que se abstiveram de votar, em 2018. São mais de 34 milhões de pessoas que não exerceram o seu direito.

E grande parte desse fenômeno deve-se ao sentimento de distanciamento do que se entende como política.

Muitas pessoas veem a política como algo que acontece somente em Brasília, composto por pessoas que não necessariamente as representam. A desilusão com os gestores públicos, a falta de informação sobre o sistema político e as deficiências no ensino sobre o assunto podem ser apontadas como uma das principais causas para o desinteresse.

Segundo uma pesquisa qualitativa realizada pelo DataSenado, apenas 35% dos entrevistados manifestaram interesse médio na conjuntura política do país. 

Somado a isso, a falta de credibilidade em relação às notícias sobre política também tem influenciado muito: 72% dos brasileiros afirmaram ter recebido as famosas fake news.

Mas vamos lá: como foi dito por Aristóteles, o ser humano é, por essência, um animal político. Naturalmente, procuramos grupos para nos associar e relacionar. E essa convivência só é possível por meio das trocas, das vantagens, da busca pelo bem-estar coletivo. Para isso ser possível, é necessário o pensamento político de todos os integrantes dessa sociedade.

Mas, embora para Aristóteles todo ser humano seja um ser político, a visão sobre o direito da cidadania não era tão ampla assim. Para ele, os cidadãos eram todos aqueles homens livres e que tinham condições fundamentais para gerir a polis (cidades estados). Agora, é a hora em que voltamos lá nas aulas de História do colégio e nos lembramos de como era a Grécia Antiga. As mulheres, crianças, estrangeiros, escravos e aqueles que tinham menos condições financeiras não eram considerados cidadãos.

Em outras palavras, por exemplo, é o mesmo que tirar o direito das 52,65% de mulheres e dos mais de 2 milhões de adolescentes aptos a votarem no Brasil. Pois bem, e não é só lá na Grécia Antiga que havia essa discriminação de quem era cidadão.

É PRECISO TER PLENA CONSCIÊNCIA SOBRE O QUE É SER UM CIDADÃO E UMA CIDADÃ

Primeiro de tudo, eu tenho uma pergunta: você tem plena consciência sobre o que é ser um cidadão e uma cidadã?

Ser cidadão é ter todos os direitos civis, sociais e políticos sem discriminação perante a lei. Mas, na história do Brasil, a coisa nem sempre funcionou desse jeito.Vamos lembrar: a criação do Estado brasileiro se deu por uma colonização de exploração, regada a muitos escravos e senhores de engenho. Nesta época, não existiam partidos, porém, realizavam-se eleições para definir quem iria gerenciar as cidades. Nesses pleitos, só podiam votar e ser votados os homens brancos e livres, mesmo que analfabetos.

Já no período imperial, o sistema político mudou um pouco. Era possível votar em deputados e senadores, cargos ocupados por aqueles que auxiliavam o imperador na gestão do país. Entretanto, o voto era censitário. Ou seja, apenas os homens, brancos, com mais de 25 anos e com renda anual superior a 100 mil reis podiam votar ou ser votados.

Com a Proclamação da República, em 1889, as coisas mudaram significativamente. Foi instituída a democracia, porém, ainda bem distante do que conhecemos hoje.

COMO FUNCIONA O NOSSO SISTEMA POLÍTICO

A democracia é um tipo de regime político em que todos os cidadãos podem votar e ser votados, direta ou indiretamente, sem diferenciação de sexo, raça, renda ou crença. No Brasil, hoje, vivemos uma democracia presidencialista representativa. Acredito que você deva estar um pouco perdida, mas eu vou te explicar cada palavrinha!

Democracia – sistema de governo no qual os cidadãos exercem a soberania igualmente.

Presidencialista – característica de um sistema político no qual o chefe de governo também é o chefe de estado (presidente), sendo eleito periodicamente.

Representativa – qualifica o exercício de poder político feito de forma indireta, ou seja, por meio de representantes escolhidos por eleição.

Mas, nos primeiros anos como República, somente homens podiam ser eleitores e candidatos. Analfabetos não podiam exercer direitos políticos. Além disso, uma prática bem comum da época era o chamado “voto de cabresto”, onde os cidadãos votavam apenas nos candidatos indicados pelos coronéis de cada região.

Foi apenas na década de 1930, mais especificamente com a chegada de Getúlio Vargas ao poder, que as transformações no sistema político e eleitoral brasileiros começaram. Uma mudança importante foi a desvinculação da política de um caráter personalista, autoritário e excludente. Esse foi um processo de muita luta! Como exemplo, podemos citar a concessão do direito à vida política para as mulheres.

(THAÍS ELEUTÉRIO).

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