Rossoni acredita no apoio do PSDB à governadora Cida Borghetti e que Ricardo Barros não pode ignorar a força dos tucanos
Apesar da decisão do deputado federal e ex-ministro da Saúde, Ricardo Barros (PP), de anunciar publicamente o rompimento das negociações para uma aliança de sua esposa, a governadora e pré-candidata à reeleição, Cida Borgheti, com o PSDB do ex-governador e pré-candidato ao Senado, Beto Richa, a cúpula tucana estadual ainda acredita em um acordo entre os dois grupos. Os caciques do PSDB admitiram ontem terem sido surpreendidos pelas declarações de Barros – que afirmou que o partido teria demonstrado não querer apoiar Cida, e optado por uma candidatura avulsa de Richa ao Senado, em ‘acordo branco’ com o deputado estadual e candidato do PSD ao governo, Ratinho Júnior.
A desavença teria sido motivada pela intenção do ex-governador de que a chapa de Cida não lançasse o deputado federal Alex Canziani (PTB) como segundo candidato ao Senado, o que facilitaria sua própria eleição. Duas vagas para senador estão em disputa este ano no Paraná. Na segunda-feira, o ex-ministro afirmou que a ausência do ex-governador na convenção conjunta do PROS/PMB, que apoiam Cida, seria um sinal de que os tucanos não querem a aliança com a governadora.
Ele lembrou ainda que o presidente da Assembleia Legislativa e vice-presidente do PSDB do Paraná, deputado Ademar Traiano, participou da convenção do PSD de Ratinho Jr. “O governador Beto Richa já deu declarações de que quer ser candidato avulso. Ratinho Jr também não lança senador para um eventual acordo branco com o governador Beto Richa. É o quadro que está formado”, disse Barros. A coligação de Ratinho Jr, por sua vez, não oficializou nenhum candidato ao Senado, o que confirmaria a tese do ex-ministro. O PSC, que integra a aliança, anunciou o lançamento do desconhecido Renan da Mata, secretário do partido, no lugar do deputado federal Hidekazu Takayama.
“O PSDB confiava na palavra de Ricardo Barros”, retrucou ontem Traiano. Para os tucanos, Barros decidiu, por conta própria, retirar o PSDB da aliança. O deputado federal ex-chefe da Casa Civil do governo Richa, Valdir Rossoni (PSDB) disse ontem que Barros subestima a capacidade que Richa tem de agregar à coligação. “É uma questão de querer ou não querer (o PSDB na coligação). Só acredito que estão subestimando a força do Beto. Ele tem uma força muito grande junto aos prefeitos que pode causar um estrago. Quem fez todas as ações com os prefeitos foi o Beto”, apontou Rossoni.
Chapa avulsa – O deputado afirma que ainda é possível reatar a aliança e que um “pedido de desculpas” não é necessário. “Da nossa parte sempre (é possível reaver a aliança). Não se pede desculpa. Se negocia, se conversa, traça estratégia. Se faz o que gente inteligente faz”, disse Rossoni.
Sobre a acusação de Barros de que Richa teria “plantado” aliados nas campanhas de Ratinho Junior e do ex-senador Osmar Dias (PDT) ao governo, Rossoni disse que Barros “rompeu o acordo” desde que indicou Canziani para o Senado e que as outras justificativas não são reais. “Quando estávamos para entregar o governo o acordo era que o PSDB indicaria os candidatos ao Senado e o Ricardo o vice da Cida. Numa altura foi apresentada ao Senado e continuamos aceitando. Ele indicaram o Canziani, nós achamos bom, mas agora ele mudou”, lamentou Rossoni.
O deputado diz que o PSDB perde menos do que Cida com o rompimento. “Uma chapa avulsa, por incrível que pareça, não é prejudicial para os deputados (tucanos). O que prejudicaria seria a candidatura majoritária com (menos) tempo de TV. Porque na TV hoje só tem força o que é ruim. Nós temos a oportunidade, com tempo na TV, para falar as coisas boas”, diz.
‘Só depende de Barros’, diz Traiano
Vice-presidente do PSDB do Paraná e presidente da Assembleia Legislativa, o deputado Ademar Traiano, negou que o PSDB esteja dividido sobre quem apoiar na eleição para o governo. “Nossa conversa está padronizada. O entendimento de que Ricardo (Barros) tem que cumprir um compromisso que foi acordado com o partido”, disse.
Traiano afirma que a aliança só depende de Barros. “Estamos esperando uma decisão. Se não houver chapa, será avulsa. O desenho é que tenha a aliança. É o desejo de todos. Se não tiver, tem que seguir”, afirma. “O PSDB confiava na palavra do Ricardo Barros. Continua confiando. Aliança estamos dispostos. É a linha”, afirmou.
Caso a situação de rompimento seja mantida, Traiano afirma que a alternativa é a chapa avulsa. Ele também nega que possa ser pessoalmente prejudicado. “Não altera em nada. A questão de número de votos não altera em nada. O que altera é o número de deputados”, calcula.
Internas – Richa não comentou publicamente as declarações de Barros. A assessoria afirmou que “o momento é de conversas internas” e que Richa “falará no momento adequado”.
Ratinho Junior também não comentou a afirmação de que Richa faria com ele um “acordo branco”. Segundo assessores, “como tudo é especulação, Ratinho Jr está tocando o pós-convenção”. O trabalho do candidato agora é manter os partidos que já declararam apoio e conversar ainda com o PPS, presidido pelo deputado federal Rubens Bueno, que ainda não declarou apoio a nenhum candidato. Em resumo, segundo assessores, Ratinho Jr afirmou que “não vai entrar no jogo de Ricardo Barros”. (Bem Paraná).