Tostão – tri-campeão mundial de 1970 – acredita na seleção brasileira
França possui maior número de ótimos jogadores, mas o Uruguai é muito forte na marcação, nas jogadas aéreas e tem uma alma que transborda de emoção. A França é uma equipe que gosta de recuar e contra-atacar, para aproveitar a velocidade de Mbappé e as saídas rápidas, com a bola, com Pogba. Como o Uruguai marca recuado, é mais provável haver poucas chances de gol, o que interessa aos uruguaios, para tentar ganhar a partida em um lance pontual ou nos pênaltis.
O Brasil é favorito, pela tradição, equilíbrio e, principalmente, porque tem Neymar. Ele precisa do conjunto para brilhar, mas é um gênio barroco, a centelha que ilumina o espetáculo.
A Bélgica costuma colocar três jogadores em seu campo e sete no do adversário, uma estratégia, na teoria, ideal para o Brasil, com seus meias e atacantes velozes. Por outro lado, a defesa brasileira deve ter dificuldades. Fernandinho está no mesmo nível de Casemiro, mas Tite perdeu a opção, durante a partida contra a Bélgica, de jogar com os dois, como fez contra o México.
A Bélgica deve mudar. Ela tem a opção de jogar com dois zagueiros e dois laterais, o que fez em alguns momentos, nos jogos anteriores, sem trocar os jogadores, e a de reforçar o meio-campo, com Fellaini, saindo o atacante Mertens.
Gabriel Jesus ou Firmino? Algumas pessoas relacionaram as atuações de Gabriel Jesus às minhas, na Copa de 1970, por eu ter feito poucos gols para um centroavante (foram dois em seis jogos). São situações bem diferentes. Eu era um meia, improvisado como centroavante. Fui um centroavante armador. Gabriel Jesus tem todas as características de um atacante mais adiantado. Como disse Mauro Cezar Pereira, no Linha de Passe, da ESPN Brasil, Gabriel não tem jogado mal porque não fez gols, e sim porque tem errado muito, sem construir para os outros marcarem.
Os comentários já estão prontos. Se o Brasil for campeão e Neymar brilhar, ele será reconhecido como o único herdeiro de Messi e Cristiano Ronaldo e como um dos grandes da história do futebol mundial, o que já é. Se der tudo errado, será mais odiado e até vão dizer que ele é um falso craque.
Independentemente do título, Tite faz um excelente trabalho. Mas, se o Brasil não ganhar, a turma do oba-oba, que só aplaude, que não questiona nada e que santifica o técnico, vai, no mínimo pedir suspensão da canonização. (Artigo de Tostão publicado na Folha de São Paulo).