De Covid-19, aos 72 anos, morreu Fábio Campana, o mais influente jornalista do Paraná
É o fim de uma era no jornalismo paranaense. Morreu neste sábado (29), aos 72 anos, Fábio Campana, o mais influente jornalista do estado nas últimas quatro décadas. A informação foi confirmada pelo blog do jornalista.
Fábio foi internado no hospital Nossa Senhora das Graças na última quarta-feira, 26 de maio, com diagnóstico de COVID-19. Tinha sintomas de gripe e o quadro se agravou desde então.
Durante mais de três décadas, Campana atuou dos dois lados do jornalismo político. Desde 2000 editava uma coluna digital, inicialmente no portal da Gazeta do Povo, que posteriormente transformou-se em seu blog homônimo.
O blog Fábio Campana é leitura diária e obrigatória de 10 em 10 poderosos do Centro Cívico. Se não saiu no Fábio, não era notícia no Centro Cívico. Seu estilo de texto inteligente, ácido e certeiro ajudou a criar uma mística em sua imagem, quase a de um bruxo que poderia reverter situações e influenciar diretamente o debate político. O que de fato, muitas vezes acontecia.
Mas muito do blog foi secretário de Comunicação Social da Prefeitura de Curitiba e secretário de estado da Comunicação Social nos governos de Álvaro Dias e Roberto Requião. Teve participação direta em campanhas eleitorais. Foi o criador do famoso Ferreirinha. Em determinados momentos foi próximo de Jaime Lerner e Beto Richa. Aconselhava políticos novos e velhos.
Foi filiado ao Partido Comunista em 1960 e esteve filiado ao PCdoB até 1981, quando deixou o partido. Foi preso político em 1966 e em 1970. Nunca abandonou a defesa da democracia. Foi um crítico ferrenho dos governos do PT e de Bolsonaro.
Também teve exitosa carreira como jornalista. Foi editor do histórico jornal Correio de Notícias. Colunista político dos jornais Gazeta do Povo, O Estado do Paraná, Tribuna do Paraná e Gazeta do Paraná. Foi comentarista das rádios BandNews, Banda B e CBN Cascavel. Apresentou o QI na TC, na RIC TV Record. Foi Editor das revistas Atenção, Etcetera e Ideias.
Campana também teve forte ligação com a cultura. Como diretor da Travessa dos Editores, incentivou novos e antigos escritores. Foi companheiro de personagens como Dalton Trevisan, Jamil Snege, Wilson Gomes e Nego Pessoa.
Atleticano fanático, Campana era divorciado e deixa dois filhos, o diplomata Rubens Campana e a escritora Izabel Campana.
Ao completar 73 anos, em agosto de 2020, Fábio postou em seu Facebook: “sem par, sem banda, sem foguete, sem lugar e sem violão. Nada. A esta altura, na periferia do mundo, com medo da pandemia, sem muito para comemorar, repito o que disse Vitorio Gasmann, bom seria ter duas vidas, uma pra ensaiar, outra pra valer”.