É de R$ 6 bilhões o prejuízo da Petrobras em propinas, diz Sérgio Moro
O número acima foi divulgado pelo juiz Sérgio Moro, ontem, durante evento no Tribunal de Justiça de Santa Catarina. O magistrado da Lava Jato informou que o número foi reconhecido pela própria Petrobrás que, paulatinamente, a partir de 2014, foi levantando os custos da corrupção nos meandros da companhia. Este valor se refere apenas aos custos diretos da corrupção que irrigou os dutos da petrolífera.
“São estimativas, mas a empresa arcou com estes custos (não é de se estranhar, portanto, o preço atual dos combustíveis. Esta observação é do colunsita). Mesmo que o cálculo esteja errado, vamos rever para baixo. Mesmo que tenha sido metade deste valor. Mesmo tenha sido R$ 3 bilhões, só em propinas?”, indagou Moro, numa clara ofensiva para demonstrar o tamanho do esquema que foi criado para pilhar a petrolífera nacional. Sem dó nem piedade.
Para o juiz, este é um índice “mastodôntico” de corrução. Ele fez referência, obviamente, ao quadro de roubalheira levantado pela Operação Lava Jato.
Ainda de acordo com Sérgio Moro, a tradição frouxa de aplicação da lei permitiu a criação do ambiente ideal para a proliferação da corrupção disseminada no Brasil.
Outro ponto-chave, na ótica do magistrado paranaense:o Poder Judiciário não deve se comportar como o guardião de segredos sombrios dos governantes. Ele defende a transparência das informações a partir de decisões que são tornadas públicas pela internet.
Moro também versou sobre o instituto da delação premiada “para determinados tipos de crimes.” Um destes tipos de crimes, naturalmente, é a corrupção, que é praticada em segredo “e as únicas testemunhas são os próprios criminosos. Não dá para condenar alguém somente com base na palavra do criminoso, mas foram diversos os casos (na Lava Jato) em que foi possível colher provas robustas (a partir da fala do criminoso).”
Evento
Sérgio Moro esteve no Tribunal de Justiça de Santa Catarina na manhã de ontem. Foi um dos participantes do seminário “Desafios do Sistema de Justiça Frente ao Crime Organizado.” O evento foi promovido pelo TJSC, Procuradoria Geral de Justiça e Associação dos Magistrados Catarinenses. (Com informações da Assessoria de Imprensa do TJ/SC).