(* Frutuoso Oliveira…..)
Vamos falar sério. O mundo não leva o presidente Jair Bolsonaro e suas declarações a sério. É impossível. Diplomatas chineses devem rir quando ouvem suas bravatas sobre o país deles.
Durante a chamada “guerra das lagostas” o presidente francês Charles de Gaulle teria dito que “o Brasil não é um país sério”. Os franceses negam a autoria da frase, atribuindo-a ao próprio embaixador brasileiro na França à época.
Dita ou não por de Gaulle, essa frase virou um mantra sobre o Brasil e os brasileiros e deve ser lembrada nesses dias de bravatas presidenciais.
O Brasil precisa de vacinas contra o covid. Para produzi-las é necessário um tal de IFA. E esse IFA vem de onde? Da China. O país que o nosso presidente e seus filhos adoram espezinhar, fugindo de qualquer protocolo diplomático.
Não bastasse o insumo para as vacinas, os chineses são nossos maiores parceiros comerciais. Compram 33,4% de tudo o que exportamos. Em 2019 mandaram para o Brasil US$ 65 bilhões. Em 2019 o número pulou para US$ 71 bilhões.
E o que fazem nosso presidente e seus meninos? Aporrinham os caras diariamente com declarações toscas, desconexas e sem nenhuma comprovação.
Santa Catarina, o Estado mais Bolsonarista da nação, destina 21% de suas exportações para a China. Foram US$ 1,7 bilhão em 2020.
Os brasileiros, em sua maioria, também não estão levando mais o capitão a sério. Sobram os bolsonaristas fanáticos. Aqueles que vão às ruas atendendo o seu chamado e o aplaudirão independente das asneiras que diga ou faça.
Todo o fanatismo é doentio. Que o diga quem conhece a história de Jim Jones.
O deputado Fausto Pinato, do Progressista de São Paulo, presidente da frente parlamentar Brasil-China, reagiu as declarações do presidente afirmando que ” ele sofre de grave
doença mental que o faz confundir realidade com ficção”.
Seria um motivo para afastamento ou, no mínimo, uma internação para tentativa de recuperação.
Segundo a colunista Monica Bergamo, da Folha de São Paulo, ministros do STF disseram que as declarações de Bolsonaro são “Tigre de Papel”.
Conforme o doutor Google, Tigre de papel é uma tradução literal portuguesa da palavra chinesa “zhilaohu”. O termo refere-se a algo ou alguém que afirma ou parece ser poderoso ou ameaçador, mas que, na verdade, é ineficaz e incapaz de resistir a desafios.
Está muito claro nos meios políticos que ninguém quer o impeachment de Bolsonaro. Querem expor suas fraquezas através da CPI e cobrar uma conta cara para deixá-lo no cargo até o final do Governo.
Mas, se os chineses levarem isso a sério e pararem por um mês de fazer negócios conosco, o tal de mercado reage imediatamente e pede sua cabeça.
Mas ainda bem que ninguém no mundo o leva a sério. Nem mesmo grande parte de brasileiros. (*Frutuoso OLiveira é jornalista).