Adeus Alceu Lourenço de Paula

Desde o início da pandemia, somos diariamente invadidos com o tema da morte. Este confronto diário parece inevitavelmente suscitar a reflexão sobre a nossa própria condição enquanto seres humanos.

Sentimo-nos, por isso, mais vulneráveis e angustiados. Por mais que na atualidade o conhecimento sobre a pandemia seja mais sólido, a verdade é que as perdas por COVID-19 continuam a ser abruptas, difícil de encontrar um significado, surgindo frequentemente pensamentos como “Se esta pandemia não tivesse acontecido, ainda estaria vivo, pois estava bem de saúde…”. Ademais, o confronto diário com a morte pode evocar perdas passadas e trazer “ao de cima” lutos não resolvidos, representando uma angústia diária acrescida.

Devido ao distanciamento social exigido, não existe. E qualquer tempo de despedida por parte dos familiares. Nestas circunstâncias, assuntos ficaram pendentes, palavras ficam por dizer, colocando a pessoa em luto num estado de grande angústia e de culpabilização.

Não podemos esquecer ainda as restrições inerentes à realização das cerimónias fúnebres, as quais possuem uma função adaptativa muito importante. São rituais que permitem expressar a dor da perda, representar um momento de concretização das despedidas e de permitir a coesão social. 

A impossibilidade de estar presente no funeral ou de não existir a oportunidade de este ser realizado dentro das circunstâncias desejadas representa um fator de estresse acrescido. Tal dificulta a aceitação da própria perda, levando ao adiamento deste processo e potencializar, assim, o desenvolvimento de lutos traumáticos e problemas psicológicos, nomeadamente quadros clínicos de ansiedade e depressão.

O luto é também uma experiência familiar. A perda de um ente querido provoca uma desintegração no sentido de “unidade intacta”, onde a família terá que reencontrar a sua identidade e aprender a viver com o elemento ausente. 

Cada familiar terá o desafio de saber gerir o seu próprio sofrimento, mas também confrontar-se com as reações emocionais dos restantes elementos do agregado, que podem ser naturalmente distintas no sistema familiar. Por vezes, estas diferenças podem suscitar alguns conflitos no seio familiar, por um elemento, por exemplo, revelar uma maior necessidade de abordar a perda e, outro familiar, necessitar de um maior isolamento. Tolerância e empatia revelam-se assim necessárias, pois o luto é uma vivência única. 

E não foram só seus familiares, Alceu Lourenço de Paula, que todos os dias – ou até todas as horas – eram dirigiam orações pela tua recuperação, pois em momento algum aceitávamos o triste fato de perdê-lo para essa perversa pandemia.

Mas seu descanso será eterno e absolutamente tranquilo, com a mais absoluta certeza num plano superior abençoado pelo Criador.

Alceu Lourenço de Paula vinha exercendo com extrema dedicação a função pública de chefe da Circunscrição Regional do Departamento de Trânsito (DETRA/PR) na região de União da Vitória.

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