Neurologista fala dos efeitos e sequelas neurológicas pela Covid-19 em pessoas acometidas pela doença
O médico neurologista Ivar Brandi falou dos efeitos e sequelas neurológicas causados pela Covid-19 em pacientes acometidos pela doença. Em entrevista a Mário Kertész hoje (23), durante o Jornal da Bahia no Ar da Rádio Metrópole, ele afirmou que nem sempre há uma manifestação tardia desses sintomas e que, em alguns casos, há a manifestação de quadros neurológicos antes mesmo da tradicional febre, dor no corpo e cansaço respiratório ou muscular.
“Infelizmente a gente tem observado sequelas neurológicas graves da covid em pacientes que permaneceram muito tempo nas UTI, mas também em casos leves depois que os sintomas gripais e virais. O paciente passa a apresentar alguns sintomas neurológicos ou neuropsiquiátricos, principalmente relacionados à ansiedade, depressão, insônia e fadiga crônica. Alguns casos mais raros, até tem relatos disso, abriram o quadro clínico com manifestações neuropsiquiátricas, inclusive com relatos de pacientes que abriram com quadro de psicose”, declarou o profissional de saúde.
O neurologista explicou como o vírus impacta no quadro neurológico dos pacientes. “Tem o fator orgânico, que hoje é comprovado que o vírus atua no sistema nervoso central e é capaz de infectar as células do sistema nervoso central. A gente tem células que são chamadas de astrócitos, que suportam os neurônios e são importantes para a manutenção da nutrição dos neurônios. Essas células são infectadas pelo SARS-Cov-2 e podem persistir no sistema nervoso central. Mas a gente tem que lembrar que qualquer estudo, qualquer análise de bem estar populacional de saúde mental está relacionado também a uma situação de segurança comunitária. Hoje a gente não tem, vivemos uma sociedade fragmentada e a gente não tem um consenso de informações por parte das autoridades”, avaliou.
Para o dr. Brandi, a forma eficaz de garantir melhorias nesses quadros é com medicamentos prescritos por um neurologista. “O tratamento é baseado nos sintomas, o uso de antidepressivos, medicações para a ansiedade, melhora da qualidade do sono, além das medidas não-farmacológicas, que são técnicas de relaxamento, meditação, atividades físicas e retreinamento. Muitos desses pacientes têm sintomas respiratórios associados à ansiedade e ao transtorno do pânico”, disse o médico.