A repercussão da pesquisa Datafolha entre os pré-candidatos à Presidência da República
Após pesquisa Datafolha divulgada neste domingo (10), candidatos e partidos começaram a reagir. Em vídeo publicado em sua conta no Twitter, o deputado federal e pré-candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL-RJ) disse que o Instituto passou vexame com sua nova pesquisa eleitoral. “Datafolha, continuas pagando vexame. E, com toda certeza, recebendo algo de muito bom de seus patrocinadores”, disse o parlamentar.
Ele comparou o resultado do Datafolha com a sondagem feita pelo DataPoder360, publicada na última terça-feira (5). Segundo o Datafolha, em cenários sem o ex-presidente Lula (PT), Bolsonaro lidera a corrida presidencial com 19% das intenções de voto. Marina Silva (Rede) tem 15%, Ciro Gomes (PDT) oscila entre 10 e 11% e Geraldo Alckmin (PSDB), 7%. Foram ouvidos 2.824 eleitores de 174 municípios na quarta (6) e na quinta (7).
Enquanto isso, tucanos querem aproveitar o quadro de estagnação geral dos pré-candidatos à Presidência para minimizar a pressão interna sobre o nome do PSDB para a disputa, Geraldo Alckmin (SP). A intenção do núcleo da campanha tucana é mostrar para aqueles que reclamam internamento do desempenho de Alckmin que o cenário não sofrerá alterações até o início da propaganda na TV, em 31 de agosto.
Em relação aos números de Marina Silva (Rede), o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) comemorou o resultado da candidata de seu partido à Presidência. Foi a pesquisa mais favorável até agora para a Marina, que em todos os cenários possíveis de segundo turno vence a eleição. Nos tranquiliza, porque a ameaça do fascismo, a ameaça Bolsonaro, me parece que continua sendo o melhor candidato para ser derrotado no segundo turno. Também mostra que a greve dos caminhoneiros não teve um impacto tão favorável a ele como chegou a ser falado.
Randolfe afirmou que a pesquisa pode contribuir para que a Rede consiga fechar alianças para o pleito de outubro. O cenário é muito favorável à Marina, mas precisamos de alguma aliança. Do centro progressista, ela é quem melhor se apresenta. Do ponto de vista eleitoral, é ela quem tem demonstrado resiliência em se manter em segundo lugar, com percentual de 15% a 16% em todos os cenários. Com uma aliança mínima que seja, chego a ter certa tranquilidade de que ela estará no segundo turno. Acho que esse Datafolha pode ser um fator que nos ajude, disse o senador.
Diretor-geral do Datafolha responde Bolsonaro
O DataPoder360 não incluiu Lula no questionário e fez 10.500 entrevistas por telefone em 349 cidades, entre os dias 25 e 31 de maio. O resultado mostrou Bolsonaro com patamar entre 21% e 25% da preferência dos eleitores, Ciro entre 11% e 12% e Fernando Haddad (PT), 6% e 8%. Marina e Alckmin estavam empatados, oscliando entre 6% e 7%.
Bolsonaro diz que o DataPoder360 o colocava “lá na frente e, no segundo turno, ganhando de todos os demais pré-candidatos, com larga margem de diferença”. “Vem hoje, o Datafolha, que todos nós conhecemos, falando exatamente o contrário: estou bem pra baixo e, no segundo turno, perderia pra todo mundo”, afirmou.
Mauro Paulino, diretor-geral do Datafolha, diz que as duas pesquisas são incomparáveis. “Não é possível comparar uma pesquisa presencial, como a que o Datafolha faz, enviando profissionais para entrevistar as pessoas face a face, com uma pesquisa feita por robôs telefônicos”, afirma. Nas sondagens de intenção de voto, o instituto só faz entrevistas pessoalmente.
O DataPoder360 também afirma que é impossível comparar pesquisas com metodologias diferentes. A pesquisa Datafolha foi financiada por recursos próprios. A nota fiscal e o questionário conduzido pelos entrevistadores estão disponíveis para consulta pública na página do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
O Datafolha mostra cenários de empate técnico no segundo turno, considerando a margem de erro de dois pontos percentuais. As exceções são os casos em que Lula está na disputa ele venceria em todas as combinações e o de Marina Silva, que também lidera no segundo turno com cerca 42% da sintenções de voto.
Na disputa com Ciro, Bolsonaro tem 31% e o pedetista, 31%. O deputado federal empata com Alckmin (33%), perde para Marina (42% a 32%) e só abre vantagem contra Haddad (36% a 27%). Nas simulações de segundo turno do DataPoder360, o presidenciável do PSL lidera com cerca de 10% de diferença para seus concorrentes.
PSDB tenta conquistar o apoio do DEM
Um dos principais aliados do pré-candidato Geraldo Alckmin ponderou que nem a crise das últimas semanas, provocada pela paralisação dos caminhoneiros, mexeu nos indicadores eleitorais e que não há previsão de nenhum fato novo para alterar o cenário nos próximos meses.
Em abril, data da pesquisa anterior, Alckmin oscilava entre 6% e 8% em todos os cenários levantados pelo instituto. Agora, oscila entre 6% e 7%, atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), de Jair Bolsonaro (PSL) e Marina Silva (Rede). Ele empata com Ciro Gomes (PDT) apenas no cenário com Lula. Sem o petista, ele fica trás de Ciro nos demais.
Não há motivo para as curvas se mexerem. Ninguém tem ferramenta para sensibilizar a massa. O brasileiro, a maioria esmagadora do eleitorado, não está nem aí para a eleição neste momento. Temos uma crise econômica aguda ainda que interfere no cotidiano da população. Há uma mistura de revolta com o que a Lava Jato revelou, desalento e desesperança. Mas o cidadão médio está preocupado em ter auxílio, melhorar no trabalho, achar emprego, jogar pelada no fim de semana. Eleição não está no cardápio de 90% dos brasileiros, ponderou o deputado Marcus Pestana (MG), secretário-geral do PSDB.
Agora, além de cuidar das alianças nos estados, o partido também tenta costurar apoios para a disputa nacional. Na semana passada, lançaram um manifesto em que pregam a unidade do polo democrático.
Em outras palavras, reforçam o discurso de que a pulverização de candidaturas do chamado centro político é prejudicial. A maioria das candidaturas do polo não sai do 1% das intenções de voto, como o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), e o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles (MDB).
O PSDB tenta conquistar o apoio do DEM, aliado histórico com quem mantém alianças regionais. O partido de Rodrigo Maia, no entanto, ainda mantém a candidatura nacional, embora, ciente de que ela não irá até o final, conversa com partidos como PSDB e PDT.
Alckmin diz já ter apoio de cinco partidos, mas não revela quais. Nos últimos dias, o tucano esteve no Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Brasília, Bahia e Espírito Santo. Neste domingo, vai a Sergipe participar da Festa do Caminhoneiro.
Com 2%, Maia diz que não vai desistir de disputa
Mesmo oscilando entre 1% e 2% na pesquisa Datafolha, Rodrigo Maia diz que não está em seu radar deixar agora a disputa pela Presidência da República. “Continuo achando que nada mudou e que ninguém tem garantia de vaga no segundo turno. Ninguém consegue se colocar como líder no campo de centro-direita”, disse Maia à reportagem.
Aliados do deputado admitem que ele não deve oficializar sua candidatura ao Palácio do Planalto entre 20 de julho e 5 de agosto, período das convenções partidárias, mas também não veem motivo para que ele desista agora, já que estaria se cacifando para tentar um terceiro mandato à frente da Câmara.
O próprio Maia rebate a crítica de tucanos que, reservadamente, afirmam que a manutenção de sua pré-candidatura prejudica alianças do DEM com outros partidos pelos estados. “Não sei onde. Qual o estado? Onde segurei a decisão estadual? Papo furado. Não há um estado que tenha problema”, reagiu Rodrigo Maia.
Em São Paulo, o DEM pode apoiar tanto o governador Márcio França (PSB) quando o ex-prefeito João Doria (PSDB). PSDB e DEM são aliados também em estados como Bahia, Pará e Alagoas. Em Pernambuco, apoiarão juntos o candidato do PTB. Os dois partidos vão se enfrentar em estados como Goiás e Mato Grosso.
Assim como os demais pré-candidatos, Maia manteve-se no mesmo patamar da pesquisa anterior, de 15 de abril. Enquanto leva a candidatura de Rodrigo Maia adiante, o DEM também conversa com outros partidos, como PSDB, PDT e PR.
Encabeçados pelo PSDB, representantes de partidos do chamado centro organizaram na semana passada o “Manifesto por um polo democrático e reformista”, com acenos à esquerda e à direita.
O objetivo principal do texto é levar as legendas deste campo político, hoje com pré-candidaturas pulverizadas, a se reunirem em torno de um único nome. O DEM, que participaria do ato, recuou. Os três deputados do partido que constavam como signatários do documento disseram que não haviam assinado o texto. (Com informações da Folhapress).