Fanini acusa e Beto Richa se defende de acusações
Em proposta de delação premiada à Procuradoria Geral da República, o ex-diretor-geral da Secretaria de Estado da Educação, Maurício Fanini, preso na operação Quadro Negro – que investiga desvio de recursos para obras de construção e reforma de escolas – afirmou que o dinheiro desviado ia para a campanha do ex-governador Beto Richa (PSDB) – e que teria custeado viagens e despesas da família do tucano.
As informações da delação foram divulgadas pela RPC/G1 Paraná. Em nota, Richa desqualificou a delação, afirmando que o objetivo de Fanini é envolver o máximo de pessoas possíveis para diminuir a pena “pelos crimes cometidos e já confessados à Justiça”.
Na proposta de delação – cujo acordo ainda não foi fechado – Fanini afirma ter intermediado pagamentos de propina para o ex-governador entre 2002 e 2015. O esquema teria começado quando Richa era vice-prefeito e secretário municipal de Obras na gestão do então prefeito Cássio Taniguchi e retomado nas campanhas do tucano para o governo do Estado. Segundo o ex-diretor, o dinheiro também teria custeado gastos pessoais do ex-governador como viagens e a compra de um apartamento para o filho mais velho de Beto Richa, Marcello Richa. Fanini diz ainda ter tratado da arrecadação de recursos para campanha diretamente com o ex-governador.
O ex-diretor afirma ainda que em 2015, quando vieram à tona as primeiras denúncias do esquema de fraude na construção de escolas envolvendo a construtora Valor, através de investigação do Ministério Público na operação Quadro Negro, falou com o então governador e o secretário estadual de Comunicação, Deonilson Roldo. Fanini disse que depois que foi denunciado pelo MP, procrou o governador, e qu orientou a apagar fotografias e mensagens de celular que pudessem servir de prova contra ele. Fanini disse ainda ter ficado sabendo que seria preso cinco dias antes.
Em nota, o ex-governador criticou o vazamento da proposta de acordo de colaboração premiada, afirmando que ela teria objetivos eleitorais. “Esta forma ilícita de agir parece ser uma manobra arquitetada às vésperas do período eleitoral, na tentativa de nivelar todos os políticos por baixo”, alega. “O que esses criminosos pretendem? Ora, a resposta é muito simples! Pretendem conseguir a redução das penas a que certamente serão condenados pelos crimes cometidos e já confessados à Justiça, mesmo que para isso tenham que envolver pessoas honesta”, afirma Richa.
O ex-governador lembra que no caso de Fanini, “a condenação pelos crimes praticados e por ele próprio confessados chegará a 50 (CINQUENTA) anos de prisão”, e que por isso, o ex-diretor “tenta delatar tudo e todos, sem, no entanto, apresentar quaisquer indícios de provas”. O tucano cita que Fanini “realizou 870 depósitos em dinheiro vivo, em sua própria conta corrente, pagou cartões de crédito em dinheiro vivo e formou um patrimônio incompatível com sua renda”, e portanto não teria credibilidade.
“É uma tentativa desesperada de delação, que pela ausência de provas, não será aceita pela Justiça. São acusações criminosas, com o objetivo de envolver pessoas inocentes, retirando o foco das fraudes por ele cometidas”, argumenta o tucano. “E para isso, mente descaradamente. Nem eu, nem qualquer membro da minha família, recebeu dinheiro desviado dos cofres públicos”, garante.
Segundo Richa, a compra do apartamento de seu filho Marcello “foi realizada de forma regular, com recursos próprios e transferência bancária, sem a utilização de dinheiro vivo, o que foi esclarecido também pelo vendedor do apartamento, que foi ouvido duas vezes pelo Ministério Público Estadual”. De acordo com o ex-governador, também não procede a informação de que sua esposa, a secretária de Estado da Família, Fernanda Richa, teria pedido a Fanini US$ 1 mil para uma viagem de seu outro filho André ao Peru. “Quem nos conhece sabe que não precisamos disso e a afirmação beira o absurdo”, disse. (Com informações do G1/PR e do Bem Paraná).