Temer – cada vez mais complicado

Michel Temer cometeu três erros sucessivos. Um em cima do outro. Todos com potencial de fatalidade. Somados, compõem uma bomba atômica que pode destruir o restinho de esperança que o mercado depositava no sucessor de Dilma Rousseff. Que poderia ser dilapidado sem uso de uma arma nuclear como a que o presidente armou para si mesmo.

A gordura de que ele dispunha no Congresso esfarelou-se ante as negociatas praticadas para evitar que fossem adiante as denúncias que o ex-PGR Rodrigo Janot apresentou contra ele e que foram enviadas à Câmara dos Deputados. Na outra ponta, o presidente tornou-se o mais impopular da história depois de ver subir no telhado, no dia 17 de maio de 2017 (quando vazou o áudio da conversa sem vergonha dele com o bandoleiro Joesley Bastista), qualquer pretensão reformista. Até então, havia alguns avanços.

Há uma semana, Temer errou ao pedir “trégua” aos caminhoneiros. Ele deveria ter ouvido as advertências e sinais claros de que a categoria iria parar. Deu de ombros. O resultado está aí. No dia seguinte, o presidente anunciou o atendimento de 12 reivindicações dos caminhoneiros. Mas foram negociadas com meia dúzia de “líderes”, que nem de longe representavam a maioria dos trabalhadores. Daí em diante, cada motorista parece ter se transformado no seu próprio juiz, liderando a si mesmo. E nem os líderes legítimos estão canalizando a voz de quem está na ponta.

Panelas roncando

A população passou a apoiar integralmente a movimentação, desaguando em protestos por todo o país. Depois que o povo foi às ruas no domingo e as panelas voltaram a roncar, o presidente humilhou-se em rede nacional ao ofertar praticamente tudo o que os transportadores haviam pedido. Tarde demais. Este conjunto de erros em sequência pod  ter sido fatal, principalmente por se tratar de um presidente encurralado. A meta de parte da categoria, agora, é a derrubada do próprio presidente, que apenas se segurava para “fazer a transição” até depois das eleições. Talvez nem isso Michel Temer consiga!

Oportunismo

Depois que Michel Temer cedeu a tudo o que foi pedido pelos caminhoneiros, outras categorias estratégicas, como a dos petroleiros, sinalizam que podem seguir no mesmo diapasão. O governo errático errou até ao errar, cedendo àquilo que já se transformou em chantagem sem qualquer garantia de contrapartida dos protestantes. Em suma, não há mais governo no Brasil. Existe um presidente, um gabinete e  ministros que batem-cabeça e não parecem não mandar mais em absolutamente nada.

Petroleiros

Trabalhadores de refinarias já estão se mobilizando na tarde desta segunda. Sem estas fábricas de combustíveis funcionando, nem com caminhões trabalhando se retoma a normalidade.

Limite

Agora, é preciso ter a coragem de registrar que o movimento dos caminhoneiros já extrapolou. O governo cedeu em tudo. Ao optarem pela manutenção da greve, eles estão colocando em xeque o maciço apoio popular que receberam até agora. Principalmente quando começarem a faltar alimentos, água tratada, energia elétrica, etc. Nesta tarde, começaram a chegar notícias de retomada, tímida, no abastecimento de combustíveis. Oxalá.

Rombo

Para atender os caminhoneiros, o governo tomou medidas que vão abrir um rombo de quase R$ 14 bilhões nas contas públicas. Adivinhe quem vai pagar essa conta!

Em alta

Ao pilotar todas as principais reuniões e negociações, Eduardo Moreira está acrescentando algumas linhas importantes à sua biografia política. O governador se manifestou solidário aos caminhoneiros, mas vem negociando firme para manter os serviços básicos de pé. Agora, se as refinarias pararem de vez, todos os esforços ficarão pequenos ante o tamanho do problema. (360).

 

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