Biólogo diz que gafanhotos não devem chegar ao Oeste de Santa Catarina
Uma nuvem com milhões de gafanhotos provocou prejuízos no Paraguai e segue pairando na Argentina, mas de acordo com um especialista, não deve chegar ao Oeste de Santa Catarina.
O especialista explica que, mesmo com as mudanças do tempo nas últimas horas, com chuva e frio na região Oeste do Estado, entende-se que a nuvem de insetos ‘na verdade não mudou de rota’ por esse fato.
“Ela se dispersa por esse caminho que pegou, vai descendo pela província de Formosa (Paraguai) onde se origina e vai rumo ao sul. Isso vem sendo comentado bastante pela literatura, pois, ela entra no Rio Grande do Sul, mas não há relato de que ela tenha vindo para Santa Catarina”, explicou Lutinski.
A nuvem pode conter até 40 milhões de gafanhotos e se locomover rapidamente, dependendo do vento e do clima. Para o biólogo, antes de chegar em solo catarinense, os insetos teriam que passar por uma longa faixa de florestas no país vizinho.
“Tem uma faixa de quase 100 km de largura de florestas, desde Posadas, na Argentina, até Foz do Iguaçu, no Paraná. Se isso acontecesse, eles chegariam ali e teriam muita coisa para comer. Eu diria que a possibilidade é zero sobre a vinda para cá”, salientou.
A nuvem começou a preocupar Santa Catarina e Rio Grande do Sul, quando na quarta-feira (24), o governo da Argentina emitiu um alerta de perigo na fronteira gaúcha por causa da aproximação dos insetos.
Ainda na quarta, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, disse que o governo brasileiro já montou um plano para acompanhar a movimentação da nuvem em direção ao solo nacional.
O Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento, de forma preventiva, decretou estado de emergência fitossanitária nos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
Segundo o intendente da cidade de Monte Caseros, vizinha a Barra do Quaraí, Miguel Olivieri, o grupo de insetos deslocou-se para uma área mais a Oeste da província de Corrientes.
Miguel Olivieri diz que a nuvem de gafanhoto está a 273,5 quilômetros de distância da fronteira entre Argentina e Brasil – quando já esteve a 130 quilômetros entre os países. As autoridades da Argentina e Brasil seguem monitorando a evolução da nuvem.
O fenômeno é mais comum com temperatura elevada. O gafanhoto está presente no Brasil desde o século 19 e que causou grandes perdas às lavouras de arroz na Região Sul no período de 1930 a 1940. No entanto, desde então, tem permanecido na sua fase ‘isolada’, que não causa danos às plantações.
O ministério informa que especialistas estão avaliando “os fatores que levaram ao ressurgimento desta praga em sua fase mais agressiva” e que o fenômeno pode estar relacionado a uma conjunção de fatores climáticos. (Com informações do Jornal Notícias do Dia/Florianópolis).