Diretor da Organização Mundial da Saúde diz que situação do Brasil é delicada
A Opas (Organização Pan-Americana da Saúde) tem observado com ‘preocupação’ o aumento de casos de covid-19 no Brasil. Em entrevista coletiva nesta terça-feira (2), o diretor do Departamento de Doenças Transmissíveis da entidade, Marcos Espinal, destacou a situação das regiões Norte e Nordeste e também dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro.
“A situação no Brasil é delicada, e nós estamos muito preocupados porque temos visto aumento de casos, aumento de mortalidade, na última semana. […] É muito difícil dizer que isso [crescimento de novos casos] vai parar, e as próximas semanas serão cruciais para o Brasil.”
Na semana passada, o país registrou 151.042 novos casos de covid-19 e 6.821 óbitos confirmados em decorrência da doença. Até ontem, eram 526.447 casos acumulados e 29.937 mortes.
O Brasil passa por um “aumento incomum de casos”, segundo o diretor. “O número de cidades que estão reportando casos nas semanas, por exemplo, de 11 de maio a 25 de maio, esse número aumentou 68%, ante 53% anteriormente.”
Espinal recomendou que os estados devem continuar a implantar medidas de mitigação da pandemia de acordo com suas realidades locais.
“Não podemos generalizar porque o Brasil é um território enorme e os estados são diferentes”, afirmou, citando como exemplo a baixa prevalência de infecções em Florianópolis e a alta incidência no Amazonas.
“As medidas de mitigação que nós estamos tentando fazer é para diminuir a velocidade do avanço da pandemia. Então, definitivamente, não é suficiente dizer ‘nós estamos fazendo’, mas a questão-chave é: como podemos fazer isso melhor?”
Protestos vão disseminar ainda mais o vírus
No último fim de semana, diversas capitais brasileiras registraram manifestações pró e contra o governo. Embora fossem minoria, foram vistos participantes sem máscara.
Além disso, alertou Espinal, o próprio fato de não ser respeitado o distanciamento entre as pessoas já é um fator de risco.
A diretora da Opas, Carissa F. Etienne, pediu aos governantes de toda a América Latina que “pensem duas vezes antes de flexibilizar medidas de distanciamento social”. Segundo ela, esta “segue sendo a nossa melhor estratégia para conter o avanço do vírus”.
“Apenas na semana passada, vimos 732 mil novos casos mundialmente, dos quais mais de 250 mil casos novos foram nos países latino-americanos. Uma séria preocupação que deve ser vista como o som do clarim para redobrar nossos esforços.”
Para o subdiretor da Opas, Jarbas Barbosa, a implantação das medidas de distanciamento acaba dificultada pelas desigualdades sociais dos países da América Latina.
“É um desafio em uma região onde temos tantos bairros pobres, com populações vivendo em condições que não são as melhores.”
A crise é sanitária, econômica e social, ressaltou a diretora da Opas. Por isso, governos devem trabalhar para “manter as populações seguras sem arruinar o sustento das famílias”. (R7).