Centrão minimiza vídeo mas admite dificuldades se o Supremo Tribunal Federal avançar no inquérito
Congressistas do PSD, PL, Republicanos e PP ouvidos pelo Congresso em Foco foram unânimes ao dizer que o vídeo da reunião ministerial em que o presidente Jair Bolsonaro pede que seja feita uma interferência no comando Polícia Federal do Rio de Janeiro não vai fragilizar a relação que está sendo construída entre o governo e os partidos do bloco.
A avaliação de todos os consultados pelo site é que é cedo para avaliar o impacto do inquérito aberto pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A Corte apura as denúncias feitas pelo ex-ministro Sérgio Moro de que Bolsonaro tentou interferir politicamente na PF.
As principais informações deste texto foram enviadas antes para os assinantes dos serviços premium do Congresso em Foco. Cadastre-se e faça um test drive.Um deputado do Republicanos afirma que no momento não cabe ao Poder Legislativo se posicionar sobre a pertinência ou não da abertura de um eventual processo de impeachment contra Bolsonaro. Ele não descarta, porém, a deflagração desse processo, inclusive com apoio do Centrão. Mas isso, segundo ele, dependerá da conclusão das investigações do Supremo. Para o congressista, o pontapé do impedimento do presidente deve partir do Poder Judiciário, e não do Congresso.
“De certa forma o governo se fragiliza com isso inevitavelmente. Agora é diferente do que aconteceu no impeachment da Dilma e do Collor, a movimentação partiu da sociedade, fruto da economia. O processo de impeachment agora, surgindo, ele surge do Supremo Tribunal Federal. A gente tem que aguardar de fato como vai ser a postura do STF e do procurador geral da República de como vão ser essas denúncias do Moro”.
Um integrante do PP reconhece que as acusações feitas por Moro compõem um “fator complicador’, mas diz que o que afeta mais o governo neste momento é o modo como Bolsonaro gerencia a crise do coronavírus. “Estamos quase com 12 mil mortos, qual vai ser o resultado disso? Imagina se der uma crescente nisso, vai terminar com quanto?”.
“[O inquérito do STF] Ainda vai ser apurado, ter versão para lá, para cá, o desfecho disso é relativo, é uma coisa que tem versões que vão ser discutidas de um lado e de outro. Essa coisa [a pandemia] não, não são versões, vai ser uma realidade muito dura”.
Um senador próximo de Bolsonaro também defende que a apuração do STF precisa ser aguardada, mas minimiza as revelações feitas por Moro até agora.
“Tem que esperar o desdobramento para ver se tem alguma coisa séria nesse vídeo, se vai ter alguma repercussão, como o Supremo vai entender isso, é muito cedo para emitir opinião. Acho que o Moro deu um tiro muito fraquinho, pensei que tinha alguma coisa bombástica, achei que tivesse algo muito grave, mas foi um tiro de festim”, disse.
O presidente tem recorrido a líderes partidários do PP, Republicanos, PSD, PL e PSC para ter uma base legislativa na Câmara e não ficar vulnerável a articulação do presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), seu desafeto. As conversas envolvem negociação de cargos no governo e também liberação de emendas.
O governo federal negocia com partidos aliados no Congresso Nacional a liberação de emendas parlamentares extras na área da saúde.
As verbas liberadas pelo governo são dadas a congressistas para destinarem aos municípios que são suas base eleitorais. O volume extra de dinheiro que vai ser destravado é para ações de combate ao coronavírus.
De acordo com relatos feitos ao Congresso em Foco o montante total será um valor entre R$ 5 e 6 bilhões e cada congressista deve apadrinhar entre R$ 3 e 5 milhões. Serão beneficiados deputados e senadores do PP, PSD, PL, Republicanos, PSDB, MDB, Podemos, Solidariedade e PSC.
As conversas com os partidos estão sendo feitas há cerca de uma semana e a expectativa é que as verbas sejam liberadas nos próximos dias. (Congresso em Foco).