A unificação das cidades irmãs – Será mesmo uma iniciativa viável e inteligente?
Transformar numa única cidade Porto União (SC) e União da Vitória (PR) de tempos em tempos volta a ser discutida, como agora, inclusive com pronunciamentos de vereadores do lado catarinense revoltados com a falta de atenção do Governo do Estado.
Até pesquisa feita em Porto União, com a maioria manifestando a vontade de ver a cidade catarinense anexada ao Paraná, foi realizada.Um dos líderes políticos de Porto União que defendia a unificação foi o ex-prefeito Alexandre Passos Puzyna.
Foi deputado federal constituinte, com a grande oportunidade de ter apresentado uma emenda à nova Constituição Federal de 1988, mas não fez porque sabia que não seria aprovada.
Pode ser até que a grande maioria da população de Porto União deseje a unificação, mas será que a maioria da população de União da Vitória quer?
Lembro que União da Vitória já tem num único distrito – São Cristóvão – uma população que dentro de mais uns cinco anos será igual ao município de Porto União.
Não sou contra, mesmo porque sou filho de pai paranaense, nascido em 1915 no agora interior de Porto União, quando ainda grande parte do atual território catarinense – até outubro de 1916 – pertencia ao Paraná.
Mas realista diante de um movimento que vislumbro como impossível de ser concretizado. E quem sabe nada proveitoso.
Sugiro aos vereadores ‘revoltados’ que estudem a nossa história, principalmente a questão da divisão dos limites dos dois Estados em 16 de outubro de 1916.
E quais, realmente, serão os benefícios que Porto União teria se fosse anexado ao Paraná. E quais os benefícios que União da Vitória teria? Uma população maior? Mais eleitores? 75 mil? Será? Mas esse número não tem muita importância para um Estado com quase 8 milhões e eleitores, quase o dobro que Santa Catarina, que tem menos de 5 milhões.
E União da Vitória na relação dos 399 municípios paranaenses não está assim numa posição tão privilegiada. Está mais ou menos como Porto União para os 295 de Santa Catarina.
Para iniciar seria necessário não só um plebiscito nos dois municípios, mas provavelmente nos dois Estados inteiros, porque a unificação, se chegasse a ser concretizada, implicaria em alteração nas Constituições de Santa Catarina, do Paraná e talvez até na Federal, além do mapa geográfico de dois Estados e do próprio país.
E argumentar que dois dos principais serviços – energia, abastecimento de água e saneamento básico – paranaenses estão em Porto União é até uma estupidez de quem quer que seja. São empresas estatais que prestam serviços, pelos quais cobram.
Se empresas do Paraná atendem Porto União é porque, já lá na década de 70 do século passado, dois governadores – Colombo Salles (SC) e Pedro Viriato Parigot de Souza (PR), no Clube Concórdia, assinaram um Protocolo de Intenções definindo que todos os serviços considerados essenciais às populações das cidades fronteiriças – Mafra/Rio Negro, Porto União/União da Vitória e Dionísio Cerqueira/Barracão – fossem realizados em conjunto.
Em 16 de outubro de 1916, lá no Rio de Janeiro, os chefes políticos de Santa Catarina e do Paraná, decidiram rachar a então Porto União da Vitória, que tinha um único prefeito – Coronel Amazonas Marcondes – criando, em setembro de 1917, o município de Porto União, que na verdade ficou com a parte nobre da cidade.
Por ser neto de imigrantes poloneses que aqui aportaram para colonizar o Paraná no comecinho do século 20 e filho de um paranaense, entendo que a divisão de limites foi uma estupidez dos responsáveis por ela.
Se era para dividir, por que a estrada de ferro e não o Rio Iguaçu? Talvez tivéssemos uma cidade razoavelmente grande de Santa Catarina, ou uma bem maior do outro lado do Rio Iguaçu, no Estado do Paraná.
Só um detalhe, mas que é realmente importante. Numa eventual divisão, todo o território de Porto União passaria ao Estado do Paraná, ou apenas o quadro urbano? E o restante? E os dois grandes distritos: Santa Cruz do Timbó (que deixou por pouco de ser município na década de 90) e São Miguel da Serra?.
Com a palavra – sem ofensas – os senhores vereadores ‘revoltados’.