“A hora dele vai chegar”, diz Bolsonaro sobre o ministro da Saúde Mandetta
O presidente Jair Bolsonaro disse no início da noite deste domingo (5.abr.2020) que poderá “usar a caneta” para trocar 1 ministro. Sem citar diretamente o ministro Henrique Mandetta (Saúde), disse que alguns de seus subordinados “viraram estrelas. Falam pelos cotovelos, têm provocações [sic]”.
“A hora dele não chegou ainda não, a hora dele vai chegar. E a minha caneta funciona. Não tenho medo de usar a caneta, nem pavor e ela vai ser usada para o bem do Brasil”, afirmou a apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada, onde reside em Brasília (DF).
“Tem algumas pessoas do meu governo que algo subiu à cabeça deles. ‘Tão’ se achando. Eram pessoas normais”, completou. Assista (34min46s):
A troca de farpas entre os 2 políticos teve uma escalada na última semana. Ambos têm visões diferentes sobre a melhor forma de enfrentar a pandemia de covid-19, doença causada pelo novo coronavírus. O presidente considera 1 exagero as medidas de isolamento social recomendadas pela OMS (Organização Mundial de Saúde) e adotadas pelo Ministério da Saúde brasileiro.
“Eu posso ficar em quarentena 3 anos se precisar, mas o povo brasileiro não pode”, disse o presidente neste domingo.
Na última 5ª feira (2.abr.2020), Bolsonaro disse que falta humildade ao ministro da Saúde e que ambos já estão “se bicando há algum tempo”. Para o presidente, Mandetta tem extrapolado em seus discursos. No entanto, afirmou que não pretende demití-lo “no meio da guerra”.
O ministro, por sua vez, disse que não sairá do cargo “por vontade própria”. Na 6ª feira (3.mar.2020), declarou que “médico não abandona paciente” e complementou: “Esse paciente chamado Brasil, quem me pediu pra tomar conta dele foi o presidente”.
ENCONTRO COM RELIGIOSOS
O presidente deu as declarações logo antes de se reunir com representantes das religiões cristãs no jardim da parte externa do Palácio. Eles leram trechos da bíblia e rezaram várias vezes. Bolsonaro estava acompanhado do ministro-chefe da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, e do deputado federal Hélio Lopes (PSL-RJ).
Apesar das recomendações de evitar aglomerações para conter a disseminação da covid-19, Bolsonaro e alguns dos religiosos trocaram apertos de mão.