Governo divido e povo sem rumo

 

* Cláudio Prisco Paraíso————–

O momento do Brasil é complexo, é extremamente delicado. Se observa hoje um absoluto descompasso entre o comportamento presidencial e o andamento do próprio governo montado por Jair Messias Bolsonaro.

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, dá as orientações do Ministério da Saúde numa direção e o presidente vai a público e se posiciona na direção diametralmente oposta. Em meio a isso, em meio à divisão do governo,  a população fica sem saber a quem seguir, o que acatar.

Temos também a questão federativa. São 27 estados. Ou seja, 27 governadores que levaram um arremate geral, uma contestação pública, extensiva aos prefeitos, nos mandatários. O que está merecendo uma contestação generalizada.

Até mesmo aliados de Bolsonaro, governadores fieis a ele, estão batendo em retirada. Exemplo clássico disso é  Ronaldo Caiado, de Goiás, o mais intimamente ligado ao presidente. Conviveram por décadas no Congresso Nacional. O goiano, em meio à guerra política, ficou com o ministro Mandetta, que inclusive foi uma indicação sua. Ambos são médicos, contemporâneos e frequentaram a mesma faculdade.

Derretimento 

O presidente começa não só a perder o apoio dos governadores e dos prefeitos, como fica enfraquecido no Congresso. Pra piorar, Bolsonaro está torrando seu capital eleitoral. Na verdade, ele está derretendo. Ah, os panelaços podem ser, de alguma forma, arquitetados pela esquerda, com o apoio de empresários, sobretudo da mídia, muito bem identificados por terem interesses contrariados. Pode até ser, mas o chefe da nação começa a perder apoio popular. Sua situação vai ficando difícil. Até mesmo com os militares. Porque daqui a pouco, se os desatinos prevalecerem e a turma do verde-oliva bater em retirada, a coisa vai ficar insustentável.Sim, porque o presidente hoje tem três bases muito claras: os próprios militares; a área econômica. tendo à frente Paulo Guedes; e o terceiro pilar, formando o tripé, que é Sérgio Moro, a estatura moral do ministro, respeitado e com muita credibilidade junto à opinião pública.

Se o presidente começar a perder força aí, já não tendo os governadores e prefeitos; sem o Congresso e definhando na opinião pública, ele fica com dificuldade de sustentação. É evidente que não se quer falar nesse momento em impechment ou pressioná-lo a renunciar. Jair Bolsonaro foi eleito de forma democrática, limpa. Tem que cumprir o mandato. Se ele quiser renunciar, é uma decisão unilateral dele. Alguém pode questionar que o eleitor escolheu mal, mas isso é outra história. Que não venham conspiradores agora se aproveitar do momento. Há empresários  e políticos corruptos que se alimentam há muito tempo da podridão que envolve recursos públicos no Brasil. Agora, Bolsonaro precisa se ajudar. (*Cláudio Prisco Paraíso é jornalista).

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