Bolsonaro critica os governadores de São Paulo e do Rio de Janeiro, o ministro da Saúde e diz que o coronavírus não passa de uma ‘gripezinha’
O presidente da República Jair Bolsonaro (sem partido) subiu o tom neste sábado (21 de março) contra os governadores de São Paulo (Joâo Doria, do PSDB) e do Rio de Janeiro (Wilson Witzel, do PSC) e criticou as medidas tomadas pelo Ministério da Saúde no combate ao avanço da pandemia do novo coronavírus (Covid-19) em território brasileiro.
Em entrevista à CNN Brasil, o presidente disse que alguns “poucos” governadores o criticam o tempo todo, dizendo que Bolsonaro não teria liderança. “Digo a esses governadores: as eleições de 2022 estão muito longe ainda para vocês partirem para esse tipo de ataque, para esse tipo de desgaste infundado em cima do chefe do Executivo federal”, afirmou.
Desde a semana passada, tanto Witzel como Doria têm criticado o que consideram de letargia do presidente no enfrentamento à pandemia. Ao mesmo tempo, os dois estados têm adotado posturas opostas à do presidente da República, que insiste em dizer que o novo coronavírus é apenas “uma gripezinha” e que também defende que a atividade econômica não deve ser paralisada, mesmo diante do risco grande de contágio.
Questionado sobre a decretação de 15 dias de quarentena em São Paulo, com o fechamento de comércios, bares e restaurantes a partir da próxima terça-feira (24), Bolsonaro criticou João Doria e foi duro nas palavras. “É um lunático. Está fazendo política em cima deste caso. É um governador que nega ter usado meu nome para se eleger governador, então eu lamento essa posição política dele. Está se aproveitando deste momento para querer crescer politicamente.”
Ontem, mais cedo, Doria havia criticado Bolsonaro ao anunciar a quarentena em território paulista, dizendo ser “muito triste que não tenhamos no país uma liderança em condições de orientar os brasileiros” e que, “na ausência dessa liderança, nós em São Paulo, outros governadores em seus respectivos estados, prefeitos e prefeitas nos municípios, estão cumprindo sua obrigação fazendo o que deve ser feito e aquilo que o presidente Bolsonaro não consegue fazer”.
Witzel, por sua vez, havia afirmado na sexta-feira que o governo federal estava “em passo de tartaruga”.
Críticas ao ministro da Saúde
Nessa mesma entrevista, Bolsonaro também criticou o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmando que ele teria exagerado nas medidas para conter o avanço do coronavírus no país. A cobrança do presidente é para que o ministro tenha um discurso mais afinado com o do Palácio do Planalto no combate à pandemia, uma vez que, para ele, o tom adotado pela saúde tem gerado histeria.
Num primeiro momento eu estava achando que ele (Mandetta) estava exagerando, tá certo? Tanto é que ele foi bastante questionado ontem (sexta) quando falou uma palavra que não era adequada para aquele momento, falou colapso (do sistema de saúde). É isso apenas que tenho conversado com ele, acertando ponteiros em algumas coisas”.
Bolsonaro também se referiu à dimensão da doença como “fantasia”, afirmando uma vez mais haver “histeria” da população. Segundo o chefe do Executivo, o novo virus “não será nada” para a maioria das pessoas. “Para mais de 60% dos brasileiros, não será nem uma gripezinha”. (CNN/Bem Paraná).