Estados Unidos iniciam primeiro teste em humanos de possível vacina contra o coronavírus
Cientistas americanos iniciaram ontem o primeiro teste em humanos de uma possível vacina contra o novo coronavírus. De acordo com comunicado dos Institutos Nacionais de Saúde (NIH, na sigla em inglês), órgãos vinculados ao governo americano, a fase 1 da pesquisa clínica envolve 45 voluntários saudáveis adultos, com idades entre 18 e 55 anos. O primeiro participante recebeu a dose em teste ontem.
Conduzido pelo Kaiser Permanente Washington Health Research Institute (KPWHRI) e patrocinado pelos NIH, o estudo será conduzido em Seattle, no Estado de Washington, o mais afetado pelo surto de covid-19 nos EUA.
De acordo com dados do Centro de Controle de Doenças do governo americano, somente em Washington, foram confirmados 708 infecções pelo novo coronavírus. Em todo o território americano, já são 3.487 pessoas acometidas pela covid-19, das quais 68 morreram.
A fase 1 do estudo da possível vacina vai avaliar a segurança do produto e sua habilidade de gerar uma resposta imunológica nos voluntários.
Antes do teste em humanos, a possível vacina, chamada de mRNA-1273, já havia demonstrado uma boa resposta quando foi testada em animais.
“A vacina experimental foi desenvolvida usando uma plataforma genética chamada mRNA (RNA mensageiro). A vacina experimental direciona as células do corpo para expressar uma proteína viral que, espera-se, provoque uma resposta imune robusta. A vacina mRNA-1273 mostrou-se promissora em modelos animais, e este é o primeiro estudo a examiná-la em humanos”, informou os NIH em seu site.
No momento, não há vacina nem tratamento específico para a covid-19. Na maioria dos contaminados, a infecção regride espontaneamente, com a resposta das células de defesa. Em 20% dos casos, porém, os pacientes evoluem para um quadro grave, o que costuma exigir suporte em UTI.
Próximos passos. Depois da fase 1, o possível imunizante ainda precisa passar por mais duas etapas de testes em humanos, nas quais o número de participantes será maior.
A candidata à vacina foi desenvolvida pelos cientistas do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas na empresa de biotecnologia Moderna, em Cambridge, no Estado de Massachusetts.
“Os cientistas foram capazes de desenvolver rapidamente o mRNA-1273 por causa de estudos anteriores de coronavírus relacionados que causam Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS) e Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS)”, informaram os NIH, em nota. “Os cientistas já estavam trabalhando em uma investigação de uma vacina contra a MERS, o que trouxe uma vantagem no desenvolvimento da vacina contra a covid-19”, completaram.
Nessa primeira fase do estudo, os voluntários receberão duas doses da vacina por meio de uma injeção intramuscular na parte superior do braço, com intervalo de 28 dias entre as doses. Os voluntários serão divididos em três grupos e cada um deles receberá a dose com uma concentração diferente: 25 mcg, 100 mcg e 250 mcg.
Os participantes serão acompanhados por um ano após a aplicação da segunda dose. Não há previsão de quando todas as etapas do teste serão finalizadas nem de quando a vacina estaria disponível à população caso apresente bons resultados. (Com informações do jornal O Estado de S. Paulo.