Uma vitória apertada de Luiz Henrique da Silveira em 2002, quando venceu Esperidião Amin com menos de 20 mil votos no segundo turno, graças o apoio do PT
MDB e PT quase foram aliados em SC, revela o jornalista Frutuoso Oliveira em texto postado no Facebook
“Essa é uma história sobre uma decisão que mudou a política de Santa Catarina, no primeiro governo de Luiz Henrique da Silveira. Por pouco a história do MDB no governos de LHS poderia ter sido construída com o PT e não com o PFL.
Luiz Henrique contou essa história durante uma viagem que o acompanhei como jornalista aos Estados Unidos e Canadá, em 2005. Essa foto é dessa viagem. Enquanto LHS é entrevistado pela jornalista Kiria Meurer eu observo a conversa.
Ele foi eleito em 2002, vencendo o ex-governador Esperidião Amin, no segundo turno, por algo em torno de 20 mil votos. Uma vitória apertada e que parecia quase impossível.
Para esse resultado foi de extrema importância a participação do então candidato Lula, no comício de encerramento da campanha, na Praça XV. Um grande ato político que pode ter sido determinante para o apoio de setores do PT, que lhe garantiram a vitória.
LHS contou que combinou essa participação de Lula no comício diretamente com José Dirceu, que era o coordenador geral da campanha presidencial. Caso vencesse a eleição, seu objetivo era ter o PT no Governo.
Como defendia que manter a palavra era o maior bem que um político poderia ter, assim que venceu a eleição começou a aproximação e articulou a eleição do hoje prefeito de Itajaí, Volnei Moratoni, à presidência da Alesc. Volnei hoje é MDB, mas na época era deputado PT.
Logo na sua primeira viagem internacional, LHS deixou Morastoni como governador por 13 dias, um número de dias emblemáticos para combinar com o número do PT.
E por que essa parceria não deu certo?
A coligação que elegeu LHS, formada por MDB e PSDB elegeu apenas dez deputados. Ele sabia que enfrentaria uma oposição acirrada do PP, PPB na época, que sozinho elegeu dez e contava ainda com mais os oito votos do PFL, aliado na eleição, e ainda dois votos do PTB e um do PL. Os nove votos do PT seriam imprescindíveis para o sucesso do seu Governo.
Mas o PT, mesmo com o presidente da Alesc eleito com os votos da base de LHS, decidiu ir para a oposição e não foi Governo. Apesar que o PT sempre lhe fez uma oposição light.
Sobrou para LHS então ir buscar o PFL de Jorge Bornhausen, Raimundo Colombo e Julio Garcia. Com os oito votos dos liberais, sua base já saltou para 18. Mesmo na oposição alguns petistas também lhe garantiam a governabilidade. Os dois votos do PTB e o voto do PL também acabaram indo para a base e assim ele pavimentou sua caminhada à reeleição.
O PT ficou fora do Governo e fora do seu projeto de reeleição, dando lugar ao PFL. Ali começou a caminhada que em 2006 levou Raimundo Colombo ao Senado e depois lhe garantiu dois mandatos de governador.
Será que tudo poderia ter sido diferente caso MDB e PT tivessem se tornado aliados lá naquele começo de 2003?”