Pesquisa inédita avalia a judicialização do combate à evasão escolar

Resultado de parceria com a Vara da Infância e Juventude e o CEJUSC – Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania, Célia Ratusniak, que é Professora, Psicóloga, Pedagoga e Doutora em Educação pela UFPR, após mais de 4 anos de pesquisa, na última semana apresentou ao Juiz de Direito Carlos Mattioli seu livro recém publicado, “Judicialização da Evasão Escolar: Gênero, Raça, Classe Social e as Biopolíticas que produzem o fracasso escolar e as expulsões compulsórias”. O livro é resultado de extensa e minuciosa pesquisa e avaliação do público atendido pelo “Projeto de Combate à Evasão Escolar”, promovido desde 2008 em União da Vitória/PR, coordenado pelo juiz local em parceria com o Ministério Público e o Núcleo Regional de Educação (Secretaria de Estado da Educação do Paraná).

Na pesquisa, que também avaliou o formato do projeto, e auxiliou nas mudanças promovidas ao longo dos anos, Célia problematiza os dados e acontecimentos que revelam práticas de micro punições, excluindo e expulsando alunas e alunos do sistema escolar. Temas relacionados ao gênero (maternidade, gravidez e casamento) e racismo no contexto do abandono dos bancos escolares são destacados no trabalho, que também avaliou o papel da “judicialização” na tentativa de reconduzir adolescentes à escola.

O resultado da pesquisa foi apresentado por Célia Ratusniak no Fórum da Vara da Infância e Juventude fim do ano passado. O magistrado Carlos Mattioli destacou o ineditismo da pesquisa fundada em projeto de cidadania exercido pelo Poder Judiciário: “Professora Célia fez um belíssimo e destacado trabalho. Constatamos algumas suspeitas e indícios, descobrimos situações ainda não aclaradas, e apesar das dificuldades constatadas não há dúvida que nos encontramos no caminhar adequado e qualificado na busca da resolução desse grave problema, suas causas e consequências, que mais dia menos dia chegam ao Poder Judiciário”. 

O Juiz ainda destacou as correções de rumo sugeridas e já implementadas ao longo da pesquisa, e afirmou que no seu entender “o Poder Público de forma geral precisa fazer muito mais do que é realizado nos dias de hoje. Apenas cumprir as obrigações cotidianas, especialmente num formato tradicional arcaico e pouco producente em nada reflete na promoção social e de cidadania das pessoas que atendemos”, destacando ainda a aproximação do Judiciário com a “academia” e a pesquisa científica como fator de aperfeiçoamento da Justiça, o que ainda é pouco comum.

As datas e locais de lançamento oficial da obra em breve serão divulgadas nos canais de contato do CEJUSC e da Vara da Infância e Juventude. (Texto e fotos do CEJUSC).

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