Moro fala em reação, cita riscos de morte e dá recado

O juiz federal Sérgio Moro concedeu uma entrevista para a primeira edição da revista Crusoé, lançada pelos jornalistas Diogo Mainardi e Mário Sabino, e falou de momentos importantes de tensão que envolve a Operação Lava Jato e das circunstâncias que as investigações tomaram levando poderosos à cadeia.

De acordo com o juiz, a Lava Jato é um trabalho muito desgastante e que não terminará em 2018. O juiz sabe que a condenação de pessoas poderosas traz momentos de insegurança para a sua vida e por isso, cautelas são tomadas diariamente para a proteção do magistrado. “A jurisdição criminal é sempre um desafio”, relata Moro.

Questionado se teria medo de morrer, o juiz ressaltou que não pensa nisso, pois já trabalhou com casos mais complexos, como situações envolvendo líderes perigosos do tráfico.

As situações de risco são comuns, comenta o juiz. “Morrer não é uma coisa que passa pela minha cabeça”. O magistrado acredita que passará por todos os caminhos sem problemas ligados à violência. Mas, segundo ele, há a necessidade de estar sempre atento e nunca deixar de vigiar. Qualquer falha pode ser fatal.

Reação

Moro comentou que não se pode achar que a Lava Jato irá acabar com a corrupção. Isso não tem fim. O importante é que a impunidade seja combatida para que aconteça uma diminuição do número de crimes.

Um outro ponto que o juiz destacou é a importância da reação contra aqueles que tentam “abafar” as investigações. Moro afirmou que o combate à corrupção tem que ser respeitado, pois é um bem para a vida das pessoas. “Se ocorrerem tentativas de reação, é necessário que elas sejam impedidas”, revelou o juiz.

Muitos podem ver essas afirmações do juiz como um recado para os ministros do STF, que querem livrar o ex-presidente Lula da cadeia.

O magistrado lembrou da tentativa de aprovarem no Congresso um projeto de anistia aos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. Graças ao empenho de alguns parlamentares, o projeto foi impedido. Isso é uma forma de reação para o bem do Brasil.

Moro também lembrou que as manifestações a favor da Operação Lava Jato foram essenciais para se conquistar a democracia.

Candidatura

Questionado pelos jornalistas sobre entrar para a política, o juiz declarou que não irá concorrer a nenhum cargo político, cumprindo, dessa forma, a sua promessa. Ele comentou que não vê nada de errado em um procurador, juiz ou membro da polícia entrar para concorrer às eleições, porém, deixou bem certo, que isso não faz parte dos planos de sua vida.

Sobre a fama, o juiz ressaltou que é algo passageiro e todas as conquistas não são méritos dele e sim das instituições que conseguiram se unir contra a corrupção.

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