Carlos Moisés não é Jair Bolsonaro
* Frutuoso Oliveira
Por favor, larguem as armas. Isso é apenas uma análise sobre marketing político para quem tem interesse sobre o assunto.
Até o primeiro turno da eleição do ano passado, Carlos Moisés era conhecido, no máximo, em corporações de bombeiros e em Tubarão, onde viveu vários anos. Ninguém levava a sua candidatura a serio. Mas, de repente, lá estava ele no segundo turno, deixando fora do embate a poderosa máquina partidária do MDB catarinense.
Os eleitores que o colocaram no segundo turno e depois lhe deram a mais acachapante vitória em eleições em Santa Catarina também não lhe conheciam. E nem queriam lhe conhecer. Eles queriam votar no candidato de Jair Bolsonaro. Esses eles conheciam. Se enganaram redondamente: Moisés não é Jair. Resguardando as proporções, Mauro Mariani e Gelson Merísio possuem mais características de Bolsonaro do que Carlos Moisés.
A diferença começa na patente militar de ambos. Moisés é coronel e Jair é capitão. Jair gosta de fazer arminha, Moisés gosta de tocar violão. Aliás, em entrevista à Folha o catarinense, que fez arminha na campanha, disse que isso é sandice. Bolsonaro, apesar de não entender muito sobre esquerda e direita, se declara um “homem de direita”. Moisés tem gestos e atitudes de alguém de centro.
Quem espera um governador Moisés assemelhado ao Governo Bolsonaro, com provocação a adversários políticos em cada declaração, com respostas politicamente incorretas para qualquer tema ou com redes sociais infladas pelo ódio, é melhor já ir se acostumando: Moisés é completamente diferente.
E por causa disso as divergências já começaram. Primeiro no partido, o PSL, onde deputados descem-lhe a borduna por suas posições, como a defesa de maior tributação nos agrotóxicos ou por receber líderes do MST em seu gabinete. Eleitores bolsonaristas também criticam o governador nas redes sociais.
Esperavam um bolsonarinho, mas precisam se contentar com Moisés. Afinal, ele é bombeiro e a função do bombeiro é apagar fogo e não incendiar.