Ex-governador Raimundo Colombo critica aumento de impostos proposto pelo novo governo

Durante os sete anos e dois meses em que governou Santa Catarina, Raimundo Colombo (PSD) repetiu como um mantra a decisão de não aumentar impostos, mesmo no auge da crise econômica. Defendia que assim o Estado seria mais competitivo na atração de investimentos, que garantiriam melhoria na arrecadação sem repassar a conta ao consumidor.

Não era uma decisão simples. No auge da crise, em 2016, 20 Estados e o Distrito Federal já haviam reajustado alíquotas de ICMS para garantir mais recursos à máquina. Colombo seguiu repetindo o mantra. No final de 2017, em uma espécie de balanço antecipado do mandato, voltou a dizer que “não aumentarmos impostos foi uma das coisas mais corajosas que nós fizemos, e que deu o melhor resultado”. Na carta de renúncia, em 5 de abril de 2018, equiparou a decisão de não aumentar ICMS entre as medidas estratégicas para enfrentar a crise econômica nacional – junto com a renegociação da dívida com a UNião e a aprovação da reforma da previdência estadual.

Por que lembrar de Colombo neste momento? Com a Fazenda sob comando de Paulo Eli, o governador Carlos Moisés (PSL) promove uma revisão da política fiscal do Estado. Revisão para cima, no caso. O alvo, é a política de incentivos fiscais a diversos setores da economia catarinense. Haverá um debate retórico sobre se retirar benefícios é equivalente a aumentar impostos, mas a variação de preço na gôndola do supermercado é igual – e sabemos quem paga a conta.

Na edição de final de semana, a colega Estela Benetti mostrou que o aumento de preço devido a mudanças na alíquota do ICMS já atinge alguns produtos – incluindo o botijão de gás e ítens da cesta básica. Entidades ligadas ao agronegócio queixam-se da cobrança de alíquota de 17% sobre agrotóxicos – entendem que vai encarecer a produção.

Em meio a essa discussão – que tomou boa parte do primeiro semestre e será retomada esta semana na Assembleia Legislativa – o ex-governador tem se mantido discreto. Como coordenador de Formação Política da fundação ligada ao PSD, ele tem se manifestado em eventos da sigla sobre recuperar o prestígio dos políticos e partidos.

Pedi a ele uma manifestação sobre esse aumento de impostos sob o governo do sucessor Carlos Moisés. A resposta, via assessoria, foi sucinta:

— É um erro muito grande e as consequências serão muito duras para a economia e o emprego dos catarinenses. (Upiara Bosch/NSC/DC).

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