Leia o que Sérgio Moro já disse sobre diálogos vazados com procuradores da Lava Jato
Desde vieram à tona as suas trocas de mensagens com o procurador Deltan Dallagnol, chefe da Lava Jato, o ministro Sergio Moro (Justiça) tem repetido que sempre agiu conforme a lei e que não poder garantir a veracidade dos diálogos divulgados pelo site The Intercept Brasil desde o último dia 9.
Na semana passada, por exemplo, ele passou nove horas em uma audiência no Senado na qual sua estratégia foi organizada em cinco frentes:
1) colocou-se como alvo de ataque hacker de um grupo criminoso organizado;
2) disse não ter como garantir a veracidade das mensagens (mas também não as negou);
3) refutou a possibilidade de ter feito conluio com o Ministério Público;
4) chamou a divulgação das mensagens de sensacionalista;
5) desqualificou os que apontaram irregularidades na sua atuação quando juiz da Lava Jato
Confira, abaixo, o que o ministro tem dito sobre o assunto:
“Estou absolutamente tranquilo em relação à conduta que realizei como juiz. Houve aplicação imparcial da lei em casos graves de corrupção e lavagem de dinheiro.”
“Nunca atuei nestes processos movido por questão ideológica ou político-partidária. O fato de ter emitido sentenças a agentes políticos me trouxe dissabores, me trouxe pesos. Sou constantemente atacado há quatro, cinco anos, por ter cumprido meu dever.”
“Se falou muito em conluio. Aqui um indicativo de que não houve conluio nenhum.”
“É normal no Brasil esses contatos entre juiz, advogado e Ministério Público ou policiais. O que tem que ser avaliado é o conteúdo destes contatos.”
“O que posso assegurar é que, na condução dos trabalhos de juiz no âmbito da Operação Lava Jato, sempre agi conforme a lei.”
Em audiência no Senado, Moro citou mais de uma vez artigo de Matthew Stephenson, professor de direito em Harvard, cujo título é “O Incrível Escândalo que Encolheu? Novas Reflexões sobre o Vazamento da Lava Jato”.
O texto, publicado no blog Global Anticorruption, Stephenson elenca motivos pelos quais mudou de opinião sobre a série de reportagens do The Intercept.
“Tendo a pensar que esse ‘escândalo’ é consideravelmente menos escandaloso do que o Intercept relatou ou do que eu acreditava originalmente.”
“Eu não tenho nenhum apego pelo cargo em si. Apresente tudo. Vamos submeter isso, então, ao escrutínio público. E, se houver ali irregularidade da minha parte, eu saio. Mas não houve. Por quê? Porque eu sempre agi com base na lei e de maneira imparcial”
“Ainda que tenha alguma coisa verdadeira, essas mensagens podem ser total ou parcialmente alteradas para caracterizar uma situação de escândalo”.
“Hoje não tenho controle do meu Telegram, está lá com o hacker.”
Segundo o ex-juiz da Lava Jato, a operação atingiu “vários partidos” e que “não teve nenhum projeto político envolvido”. (FOLHAPRESS).