Pelo jeito, o PT abandonou o tirano da Venezuela!
* Pedro Rinbeiro
Na crise venezuelana, que assusta a fronteira, os pronunciamentos do governo brasileiro ficaram por conta do general Hamilton Mourão. “Enquanto eles continuarem matando uns aos outros, a gente não pode fazer nada”, disse.
Para Mourão, que é general de exército, “80% do dispositivo militar venezuelano é voltado para a fronteira com a Colômbia. Na fronteira com o Brasil, tudo o que Maduro tem é uma brigada de engenharia de selva muito capenga”.
O PT sumiu
O Partido dos Trabalhadores definitivamente se revelou de forma escancarada estar passando por profunda crise de identidade, tentando juntar ainda os cacos do que restou da tritura de seus líderes pela operação Lava Jato. Não enviou delegação ou ao menos um representante sequer ao ato organizado pelo tiranete Nicolás Maduro, da Venezuela no sábado em Caracas em protesto contra ao que os socialistas bolivarianos apontam, como ameaça de invasão do País.
Nem a presidente do PT, Gleisi Hoffman, que foi à posse do usurpador da presidência do país vizinho em janeiro, tomou coragem de ir novamente a Caracas ou lançar qualquer manifesto em apoio ao ato realizado. Mas deu sua opinião pessoal sobre o assunto através das redes sociais, dizendo que o Brasil estaria apoiando a invasão americana naquele país.
Depois de mais de uma hora de discurso, marcado por tentativas de frases de efeito e de conteúdo de cartilha bolivariana, diante de uma de poucos milhares de venezuelanos uniformizados e pagos pelo governo, Nicolás Maduro citou várias delegações de partidos de países vizinhos presentes. Não mencionou o PT, citou confrarias de esquerdas caricatas da Nicarágua, Panamá, Honduras. Nem mesmo o esperto índio boliviano, Evo Morales ou algum partido de seu país mandou representante porque de trouxa ele não tem nada, a crise não lhe diz respeito.
Mas o PT, nessas confusas idas e vindas em sua pretensa tentativa de ser a voz de representação de uma esquerda brasileira mais organizada, meteu desta vez o rabo entre as pernas e ficou na moita, não deu um pio sequer neste momento em que a crise na Venezuela encontra-se mais acentuada. Seria exagero imaginar que a presidente do PT tenha ficado com receio de não poder mais retornar ao País diante do fechamento das fronteiras determinado pelo tiranete, para impedir a chegada dos donativos da ajuda humanitária à população faminta? Se ela ficou com essa paúra, por que então outros grandes líderes, como Fernando Haddad não foi à Caracas, mostrando maior coragem e valentia?
O que se viu em Caracas no sábado, na aglomeração organizada pelos bolivarianos, é a caricatura de um regime que está em seus estertores, cena digna de um filme de comédia tragicômica a qual os venezuelanos ainda não se livraram definitivamente. Todos os manifestantes estavam de uniformes em cores laranjas, provavelmente integrantes das milícias bolivarianas que o tiranete armou ao longo dos anos, repetindo o que fez seu antecessor Hugo Chaves. E também de pessoas arregimentadas e pagas, como o PT e o MST cansaram de fazer em atos de protesto realizados pelo País, em defesa do governo de Dilma ou do presidiário ex-presidente Lula, em quarentena na cela da PF de Curitiba.
O que se esperava era que o PT mantivesse ao menos um mínimo de coerência e estivesse presente no ato realizado em Caracas. Até mesmo para reafirmar seu respeito a autodeterminação dos povos, como disse a presidente nacional do partido ao justificar sua ida à posse do tirano, em janeiro. Ou provavelmente não atravessaram a fronteira porque acham que não se deve perder tempo nesse combate sem trégua contra governo fascista que assumiu o comando do País. Tem coisas que só rindo, mesmo!
(* Pedro Ribeiro é um dos decanos do jornalismo do Paraná).