Começou muito mal!
* Mário Simas Filho
Aviso de antemão, a fim de evitar que a robozada boçalriana tenha trabalho para dissimular seus agressivos e hipócritas comentários, que não se trata de torcida! Não se trata de ser do contra e muito menos de apostar para dar errado! Trata-se apenas de afrouxar um pouco o cabresto, enxergar alguns milímetros acima do que permite a viseira e a conclusão não será outra: começou mal, muito mal o governo de Jair Bolsonaro. E o primeiro sintoma que confirma o déficit de capacidade e aptidão para governar veio logo depois da posse. Já eleito, o capitão – que foi expulso do Exército e deu um jeitinho do STM para manter o posto (e os proventos) – continuou a falar aos brasileiros (agora não só a seus eleitores, mas a todos) sobre o “fantasma do comunismo”, o “perigo vermelho”, a “venezuelização” etc. Tudo historinha para boi dormir, bem mais velhas do que a queda do Muro de Berlim ou a tal Perestroika. São idiotices que durante a campanha atraíram por uma verdadeira pela falta de opção e por uma impalpável ignorância. Mas, a campanha acabou. O discurso, agora de governo, ficou igual. E isso é péssimo.
É absolutamente correta a constatação de que a corrupção e o aparelhamento promovidos pelo PT e demais legendas nas últimas décadas levaram o País a um colapso. É claro que corruptos devem permanecer na cadeia até que suas penas sejam cumpridas. Mas, acordem boçalnaros, manter corrupto atrás das grades e desaparelhar o governo não leva, por si só, o País a lugar nenhum. Pelo contrário, se permanecer assim, vão mudar apenas as moscas. O ponto de encontro será o mesmo. Ou não é isso que temos assistido na composição das mesas da Câmara e do Senado? Não é isso que acontece com a falta de explicações sobre a dinheirama que circula na família presidencial?
Saindo do campo das ideias, se assim o podemos chamar, vamos aos fatos concretos. Nos primeiros dez dias de governo Bolsonaro, o que se presenciou foi um dantesco espetáculo de desgoverno. Um ministro diz uma coisa, outro o desmente. O presidente fala uma coisa, os ministros o desmentem. Em economia isso é muito grave. Afinal, em quem acreditar e até quando acreditar nesse alguém? Com a diplomacia não é diferente. Seremos lacaios dos americanos? Nesse sentido, os próprios generais de Bolsonaro, aqueles que não foram expulsos, trataram de se sobrepor ao capitão. O resultado pode ser bom, mas o conceito é péssimo. E o xerifão Moro, com toda sua força, parece que não intimidou ninguém no Ceará. Claro, ainda é cedo, mas o destemor da bandidagem falou mais alto que o marketing do ministro.
(* Mário Simas Filho é diretor de Redação da revista IstoÉ).