Moro descarta intenção da Presidência, mas não a possibilidade do Governo

Em uma entrevista concedida à jornalista Mônica Bergamo, do jornal Folha de S.Paulo, o senador Sergio Moro (União-PR), ex-juiz da operação Lava Jato, revelou uma mudança significativa em suas aspirações políticas. Moro descartou qualquer intenção de disputar a Presidência da República em 2026, mas deixou em aberto a possibilidade de concorrer ao governo do Paraná. Com essa declaração, Moro insere-se no cenário político paranaense, onde já começam a surgir tensões e especulações sobre alianças e disputas internas.

Na entrevista, quando questionado sobre suas intenções de candidatura, Moro foi enfático ao negar interesse pela presidência: “Presidente, nem pensar. Nem pensar.” Contudo, ele acrescentou que outras oportunidades poderiam surgir em 2026, deixando claro que suas ambições políticas estão longe de serem encerradas: “Podem surgir outras oportunidades para 2026. É algo que a gente vai trabalhar mais ali adiante.”

Essa declaração provoca uma reviravolta no cenário político do Paraná, especialmente para o atual governador, Ratinho Junior (PSD), e o prefeito de Curitiba, Rafael Greca (PSD). Moro, que possui mandato de senador até 2031, agora surge como um potencial candidato ao governo estadual, um movimento que pode alterar significativamente as alianças e estratégias políticas regionais.

A possível entrada de Moro na disputa pelo governo do Paraná em 2026 é um fator que “bagunça o time” de Ratinho Junior e Rafael Greca. Atualmente, ambos já enfrentam tensões internas sobre a indicação do vice na chapa de Eduardo Pimentel (PSD), que será o candidato a prefeito apoiado por ambos.

Ratinho Junior tem preferência por indicar seu amigo e ex-deputado Paulo Martins (PL) como vice de Pimentel. Em contrapartida, Greca deseja impor a ex-secretária de Meio Ambiente, Marilza Dias, como vice. Essa disputa interna é fundamental, pois o vice-prefeito de Pimentel garantiria a influência tanto de Greca quanto de Ratinho Junior na capital, maior colégio eleitoral do estado.

A entrada de Sergio Moro na corrida pelo governo do Paraná adiciona gasolina nas negociações e estratégias políticas, que estão em chamas nas terras das araucárias. Nos bastidores, teme-se que Ratinho Junior possa fechar um acordo com Moro, em que este concorreria ao governo estadual enquanto Ratinho disputaria uma vaga no Senado. Este cenário deixaria Greca em uma posição desfavorável, já que perderia a chance de influenciar diretamente a administração da capital.

 

A força política de Moro em Curitiba e no Paraná, reforçada pela Globo e pelos jornalões, faz dele um candidato robusto e potencialmente disruptivo para os planos de seus adversários locais. A possibilidade de uma dobrada entre Ratinho Junior e Sergio Moro, unindo forças para maximizar suas chances nas respectivas disputas, é uma preocupação real para os aliados de Greca.

Durante a entrevista, Moro mencionou que não se vê para sempre na política, expressando um desejo de eventualmente retornar ao setor privado: “Eu tenho um plano de voltar no futuro a trabalhar no setor privado. Até porque você pelo menos sai do foco um pouco.” Esta declaração pode ser interpretada como um indicativo de que Moro está calculando cuidadosamente seus próximos passos, priorizando movimentos políticos que consolidem sua influência sem comprometer sua capacidade de sair do cenário público quando desejar. Ou, simplesmente, a declaração foi uma dissimulação para induzir os adversários políticos ao erro.

Ao não descartar a política regional, Moro demonstra estar ciente do potencial de influência que pode exercer no Paraná, um estado que já lhe deu forte apoio em eleições passadas. Sua possível candidatura ao governo estadual é uma jogada estratégica que, se bem-sucedida, poderia alavancar ainda mais sua carreira política e abrir novas portas para futuras oportunidades, tanto na esfera pública quanto privada. No entanto, apesar da negativa, não descarte que o ex-juiz da Lava Jato retome mais à frente o projeto de chegar à Presidência da República.

A entrevista de Sergio Moro à Mônica Bergamo revelou não apenas suas intenções políticas imediatas, mas também as tensões internas no cenário político do Paraná. Com a possibilidade de concorrer ao governo estadual em 2026, Moro se posiciona como uma figura a ser considerada em um jogo de xadrez político que envolve Ratinho Junior, Rafael Greca e outros atores influentes. As alianças, disputas e estratégias que emergem dessa nova configuração prometem sacudir o cenário político paranaense nos próximos anos, com impactos que poderão reverberar além das fronteiras do estado. 

DO BLOG DE ESMAEL DE MORAES).

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