Enchentes: sabemos que irão se repetir, porque os fenômenos climáticos vieram para ficar
Estamos acompanhado com bastante apreensão os eventos climáticos que assolam o Rio Grande do Sul e as chuvas fortes que já atingem municípios de Santa Catarina fazendo novas vítimas. Mais uma vez! A verdade é que, infelizmente, os fenômenos climáticos extremos vieram para ficar, estão sendo cada vez mais intensos, frequentes e imprevisíveis.
Sabemos que irão se repetir. Por isso, é fundamental políticas públicas de prevenção eficientes e de uma nova consciência social.
Não podemos ficar sempre correndo atrás do prejuízo. E o prejuízo maior e irrecuperável é, claro, a vida das pessoas, que temos o dever de proteger.
O aquecimento do planeta não é mais uma obra de ficção, temos constatado todos os anos as suas consequências. E elas serão cada vez mais graves.
Que novas enchentes em nossa região vão nos castigar, já pode ser considerado – em períodos que não podemos prever – recorrente, considerando as condições da grandiosidade da bacia hidrográfica do Rio Iguaçu, que abrange Curitiba, Centro-Sul , Sul do Paraná e todo o Planalto Norte de Santa Cararina, a parir de São Bento do Sul, Rio Negrinho, Mafra, Três Barras, Canoinhas, Irineópolis, Santa Cruz do Timbó e Porto União.
Quando prefeito de Jaraguá do Sul, essa foi uma pauta importante do meu governo. Fizemos o Parque Via Verde, que além de ser palco de lazer para milhares de pessoas, é uma área de escape da água em tempos de muita chuva. Trocamos tubulações, fizemos enrocamento e desassoreamento dos rios, assim como a limpeza constante dos rios e o replantio da mata ciliar.
Investimos pesado em saneamento básico, na coleta dos reciclados e na fiscalização das construções. Entretanto, essa não é prática comum na maioria das cidades brasileiras, que agem somente depois que as tragédias acontecem.
O Brasil, aliás, não tem nenhuma política pública consistente para tornar as cidades mais seguras e mais sustentáveis. Na outra ponta, tenho visitado muitas empresas em Santa Catarina que estão fazendo a sua parte buscando soluções inovadoras para produzir de maneira ecologicamente responsável.
No âmbito público, porém, a questão ambiental no Brasil tem sido discutida de maneira superficial, fica escondida atrás da polarização política sem que tenhamos avanços necessários. Até hoje, por exemplo, ainda não temos a regulamentação do mercado de carbono, o Marco Regulatório do Hidrogênio está parado no Senado quando, especialmente no caso do hidrogênio verde, todos os analistas sabem que o Brasil pode ser o maior produtor mundial.
Estamos perdendo uma grande oportunidade. A falta de visão sempre traz sérias consequências.
Quando a água baixar, as vítimas forem contabilizadas e os prejuízos calculados, logo esse assunto sai das manchetes, mas não podemos esquecer que precisamos agir e cobrar do poder público ações sérias. Prevenção não é uma pauta de esquerda ou direita, é uma necessidade coletiva e urgente.