El Niño é a razão das excessivas chuvas que atingem a região Sul do país
Para explicar, segundo Franklin de Freitas, em postagem no Bem Paraná, as chuvas excessivas de 2023 é inevitável citar o fenômeno El Niño, que ocorre quando as águas do Pacífico, próximas à Linha do Equador, passam por um aquecimento acima do normal por um período de no mínimo seis meses. Isso altera a formação de chuvas, a circulação dos ventos e a temperatura e um dos principais fatores que explicam as chuvas excessivas das últimas semanas.
É que o El Niño provoca uma grande circulação de ventos, que acaba interferindo no movimento de outros ventos, impedindo o avanço de frentes frias pelo território brasileiro. Com isso, as frentes ficam estacionadas por mais tempo na Região Sul do Brasil, diz o Inmet, o que aponta para uma tendência de chuvas acima do normal.
Outro ponto importante (e que ajuda mais a explicar também a recente seca), no entanto, são as mudanças climáticas. Em entrevista recente ao Bem Paraná, por exemplo, o meteorologista Reinaldo Kneib, do Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (SIMEPAR), explicou que já existem estudos que apontam no sentido dessas mudanças estarem potencializando a ocorrências de eventos climáticos extremos, por conta da liberação maior de energia na atmosfera.
“Alguns estudos apontam nessa direção, que o ser humano, através da emissão dos gases do efeito estufa, faz a atmosfera ficar mais quente, o que gera mais energia. Essa condição aumentaria os extremos: temos mais períodos secos e o oposto pode acontecer, de ter mais tempestades. Mas temos os fenômenos do dia a dia, como a chuva de verão, e temos fenômenos cíclicos, que ocorrem a cada 10, 20 anos, que são fenômenos naturais e que as vezes não são claros no dia a dia, mas acontecem de tempos em tempos”, explica o meteorologista, ressaltando ainda que Curitiba, por ficar entre duas serras, é uma região crítica para fenômenos naturais. “Podemos, inclusive, ter uma potencialização disso tudo nas próximas décadas”, alerta.
ATÉ QUANDO VAI O EL NIÑO?
As previsões indicam grande probabilidade de El Niño se manter até, pelo menos, o fim de 2023.
“Esperava-se que este El Niño não fosse muito intenso nem prolongado, pois nós enfrentamos um período prolongado do La Niña, que resultou em efeitos inversos, ou seja, no resfriamento das águas do Pacifico por um bom tempo. Esse resfriamento também resultou em mudanças nos padrões climáticos. E, antes que nos recuperássemos dos efeitos do La Niña, já estamos enfrentando um El Niño mais forte”, afirmou o especialista em gestão de recursos hídricos da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Rodrigo Lilla Manzione, em reportagem publicada pelo Jornal da Unesp.
O fenômeno, no entanto, impacta de forma diferente as regiões da América do Sul e, consequentemente do Brasil. No Sul do país, por exemplo, a previsão é de chuvas acima do normal. No sudeste, já espera-se um aumento moderado das temperaturas médias, principalmente, no inverno e no verão. No Norte e no Nordeste, a previsão já é de secas de diversas intensidade (com o Norte encarando a pior situação, com previsão de secas moderadas a intensas).