Ministra Anielle Franco e sua equipe coloca governo de Lula numa sinuca de bico

———-( Madeleine Lacsko)———-

Adversário criar crise para governo é normal. Problema é quando gente do governo transforma em crise o que tinha tudo para ser uma pauta positiva. A falta de profissionalismo da ministra Anielle Franco e sua equipe está colocando o governo numa sinuca de bico, sobre a qual falo mais adiante.

Anielle Franco representa um governo cujo presidente condena moralmente a ostentação de ter dois aparelhos de televisão em casa. Também é o governo do partido que bateu diariamente em Jair Bolsonaro pelos abusos com jatinhos da FAB.

A falta de profissionalismo da equipe fez com que uma pauta muito positiva, o combate ao racismo no futebol, fosse convertida numa pauta extremamente difícil e impopular.

A questão do jatinho da FAB é tão complicada que os outros dois ministros preferem evitar dizer que é direito deles em eventos oficiais; sabem que a população vê como mamata. Um foi de avião de carreira, o outro justificou o uso do avião oficial com o atraso do voo de carreira programado. Nenhum fez clone de Amaury Jr. na viagem.

A tal da ação contra o racismo no futebol, apesar de não prever ação nenhuma e ser só um protocolo de intenções, poderia gerar mídia positiva para o governo. Casos de racismo envolvendo jogadores brasileiros indignaram gente no mundo todo.

Com a gracinha da ministra, a coisa mudou. As pessoas se perguntam se realmente precisava viajar para assinar e se tinha de ser justamente no final da Copa do Brasil com o time de Anielle.

O pior é que nem foi só a ministra. As assessoras, uma delas responsável pela comunicação estratégica do ministério, pintaram e bordaram nas redes.

Teve a que tirou sarro da CBF fazendo alusões a bolsonarismo e postou a amiga com uma camisa do Flamengo na torcida do São Paulo. E teve também a que postou uma declaração sobre a torcida com um cheiro danado de racismo e xenofobia.

“Torcida branca que não canta, descendente de europeu safade… Pior de tudo pauliste”, postou a assessora da ministra da Igualdade Racial. Repito: Igualdade Racial. Parlamentares em todo o país abriram processo por racismo. Nesta terça, o ministério anunciou a exoneração da assessora.

Com um excesso de lacração comparável só à falta de profissionalismo, a ministra Anielle Franco resolveu dobrar a aposta. Mentiu sobre o motivo das críticas, dizendo que era seu trabalho e que queriam impedir que trabalhasse. Ninguém criticou o trabalho, mas a lambança no jatinho da FAB. Apelou ainda a acusar os críticos de desinformação, fake news e violência política de gênero e racial.

Isso teria encerrado o caso no universo da lacração, em que o valor de alguém está na capacidade de se vitimizar, acusar os outros de preconceito e tentar cancelar. Como ato de governo, foi péssimo. Colou no máximo com luloafetivos patológicos e lacradores compulsivos.

A atitude confirma o que muita gente suspeita. Essa conversa de combate à desinformação e às fake news tem outra intenção: a de criminalizar qualquer cobrança ou crítica ao governo. Se havia dúvida, é precisamente o que a ministra fez.

O segundo ponto é a tal sinuca de bico em que Anielle Franco meteu o governo.

Se ela e as assessoras foram ao evento a trabalho, tinham direito de voar de FAB. Estavam em missão oficial. Qualquer pronunciamento sobre a missão em si é no exercício do cargo e de forma oficial. Se for isso, é posição do governo Lula o que foi dito sobre europeus e paulistas.

Se isso não é posição do governo Lula, a postagem foi feita em caráter pessoal. Isso só poderia ocorrer caso a assessora não estivesse numa missão oficial falando sobre a missão em si. Teria de estar ali em caráter pessoal. Portanto, não tinha direito a FAB.

Queimei a língua criticando ministros do Centrão por criarem problema para Lula sem oferecer um trabalho que fizesse a diferença. Nesse esporte, ninguém supera progressiste de jatinho.

 

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