Deputados do Paraná cobram “voto de repúdio” ao ministro do STF Gilmar Medes

A sessão desta terça-feira (09) da Assembleia Legislativa do Paraná foi dominada pela repercussão das declarações do ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, que no programa Roda Viva, da TV Cultura, afirmou ontem que “Curitiba gerou Bolsonaro. Curitiba tem o germe do fascismo”. Pelo menos sete deputados reagiram, a maioria criticando a fala do magistrado. Os deputados Denian Couto (Podemos) e Tito Barichello (União Brasil) defenderam que a Casa aprovasse um “voto de repúdio” contra Mendes, mas o presidente da Assembleia, deputado Ademar Traiano (PSD), rejeitou a ideia. Ele prometeu divulgar uma nota em nome do Legislativo paranaense, mas alegou que é “tradição” na Casa não aprovar votos de repúdio.

“O comportamento do ministro Gilmar Mendes é político. Ele rasgou a toga e não é de hoje. Ele é a voz da política e não da Justiça. Ou essa Casa se insurge verdadeiramente em uma posição formal de repudiar o que disse o ministro Gilmar Mendes ou o nosso silêncio poderá ser entendido com conivência, o que não podemos tolerar”, disse Couto.

Barichello defendeu a Lava Jato e propôs, além do voto de repúdio, a realização de uma audiência pública “em desagravo” a Curitiba.

“Ministro Gilmar, o mínimo que deve a Curitiba é um pedido de desculpas. É triste que um ministro do STF trate Curitiba como caricatura e por uma inverdade, valendo-se de uma fake news da esquerda”, afirmou a deputada Flávia Francischini (União Brasil).

O presidente da Assembleia defendeu cautela diante do episódio. “Essa Casa tem uma tradição histórica de não votar voto de repúdio. Já tivemos situações bem conturbadas, piores do que essa. Acredito que essa presidência fará uma nota sim, em relação ao tema. Acho que o ministro foi infeliz. Mas não em termos como orientação de votar voto de repúdio. Mas me manifestarei pelo Legislativo”, alegou Traiano.

O único a sair em defesa do ministro foi o líder da bancada de oposição, deputado Requião Filho (PT). Ele leu postagem de Gilmar Mendes feita após a repercussão das declarações, dizendo que não quis ofender os curitibanos, e alegando ter se referido à “República de Curitiba”, como ficou conhecida a operação Lava Jato. Requião Filho rebateu as críticas de Denian Couto. “Não seria o juiz Sergio Moro que rasgou a toga, teve as suas decisões anuladas abandonou a magistratura negociando para ser ministro do STF, foi ministro do Bolsonaro. Num erro político agrediu o próprio chefe e perdeu a cadeira no STF”, disse. “Nós temos que concordar com o Gilmar Mendes em parte. Infelizmente, esse fantasma maldito do fascismo assombra não Curitiba, mas a república. Aqueles que acham que a toga serve para perseguir. Que o Ministério Público serve para impor as suas opiniões”, apontou o parlamentar.

(BEM PARANÁ).

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