Ex-presidente Jair Bolsonaro diz que ação da Polícia Federal serve para “criar fato”
Alvo da Operação Venire da Polícia Federal nesta manhã por suspeita de adulteração em seu cartão de vacina, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) negou que tenha feito qualquer fraude no documento ou que tenha se imunizado contra a covid-19, como consta no sistema do Ministério da Saúde. Na saída de sua casa em Brasília, onde a PF apreendeu seu telefone celular, Bolsonaro afirmou que a operação policial de hoje é para “criar um fato”.
“Fico surpreso com a busca e apreensão na casa do ex-presidente para criar um fato”, disse Bolsonaro, confirmando informação publicada mais cedo pelo Estadão/Broadcast de que a defesa do ex-presidente vai se defender com a tese de interferência política por parte do governo Lula na Polícia Federal para justificar a operação, que também prendeu dois auxiliares do ex-presidente, Mauro Cid e Max Guilherme.
De acordo com Bolsonaro, seu celular levado pelos policiais não tem senha porque ele não tem nada a esconder. “Nunca me foi pedido cartão de vacina, não existe adulteração da minha parte”, defendeu-se o ex-presidente. “Não tomei vacina porque li a bula da Pfizer, só isso e mais nada”, acrescentou.
Ele ressalta que sua filha Laura Bolsonaro também não tomou vacina, apesar de a PF ter identificado vacinação e agora investiga a possibilidade de fraude no documento. “Em momento nenhum falei que tomei a vacina, e não tomei”, seguiu, em linha com a campanha anti-vacina contra a covid-19 feita ao longo de seu governo. “Que bom se estivéssemos em um país democrático para discutir todos os assuntos. Tem assunto proibido no Brasil e um deles é vacina”, reclamou Bolsonaro.
A Controladoria-Geral da União já investigava suposta inserção de dados falsos no cartão de vacinação do ex-presidente Jair Bolsonaro nos sistemas do Ministério da Saúde. O órgão chegou a derrubar o sigilo do documento, em razão de “interesse público geral e preponderante”, mas as informações só serão divulgadas após o encerramento da apuração sobre inserção de dados falsos.
A CGU chegou a solicitar dados ao Ministério da Saúde sobre “dia e hora em que foi registrada a aplicação da vacina ministrada no ex-presidente da República no dia 19/07/2021, na UBS Parque Peruche -SP, o responsável pela efetivação de tal registro e o nome da pessoa que aplicou o imunizante naquela oportunidade”.
Bolsonaro impôs sigilo de um século sobre o seu cartão de vacinação e alegou privacidade. Durante a pandemia, ele questionou a eficácia da vacina inúmeras vezes e desestimulou a vacinação da população.
(COM CONTEÚDO DO JORNAL ‘O ESTADO DE SÃO PAULO’.