Governador de Santa Catarina usa Fórum Parlamentar para se aproximar do presidente Lula

Em seus dois mandatos como deputado federal e os quatro anos como senador, o governador Jorginho Mello (PL) viveu o Fórum Parlamentar Catarinense como poucos. Apesar de alguns eventuais desentendimentos, grupo que reúne os 16 deputados federais e três senadores catarinenses tem uma organização interna que faz inveja e outros Estados e que compensa, algumas vezes, a falta de peso político da bancada de Santa Catarina. Na campanha eleitoral, Jorginho aproveitou essa experiência para estocar o adversário Carlos Moisés (Republicanos), dizendo que pretendia estar sempre junto ao fórum – coisa rara no governo do comandante.

Nestes primeiros dois meses e alguns dias no comando do governo do Estado, Jorginho tem cumprido a promessa de maneira inusitada. Além de se reunir com o grupo de parlamentares para definir prioridades, ele tem usado o fórum como uma espécie de anteparo aos possíveis desgastes de uma aproximação com o governo do presidente Lula (PT). Por mais que queira abrir as portas federais em busca de recursos, o governador tem na memória o efeito desastroso na popularidade de Moisés quando a militância bolsonarista entendeu seus movimentos de 2019, primeiro ano de governo, como um afastamento político do então presidente Jair Bolsonaro, que havia garantido sua vitória com a onda que sua popularidade gerou em Santa Catarina.

Eleito em onda semelhante ano passado, Jorginho não arrisca e mantém o discurso o mais próximo possível do bolsonarismo, atende aos pedidos por cargo ou outro de lideranças mais radicais, dá aval a projetos ideológicos que não afetem o núcleo da governança. Anda na ponta dos pés. Nessa lógica é que o fórum tem sido um instrumento interessante. Quando vai a um ministro do governo petista, o grupo de deputados e senadores, com uma ou outra ausência pouco relevante, vai junto. O que seria visto como uma aproximação política de Jorginho, vira uma conversa institucional.

Foi assim semana passada com o ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB), ex-governador alagoano. Escoltado pelos parlamentares, Jorginho ouviu mais do que esperava, quando o ministro anunciou que o orçamento para obras federais em Santa Catarina iria triplicar este ano – graças aos bilhões extras da PEC da Transição e restos a pagar do governo Bolsonaro. Todo mundo saiu salivando da sala. Agora é esperar que o governo federal consiga executar o orçamento.

Jorginho também colhe os frutos da relação tranquila entre os parlamentares catarinenses. Coordenadora do fórum, a deputada federal Caroline de Toni (PL) tem conduzido o grupo de forma discreta, porque também não quer parecer adesista. Isso permite que todos busquem algum protagonismo – e que, especialmente, os dois deputados federais petistas, Ana Paula Lima (PT) e Pedro Uczai (PT), façam com tranquilidade o papel de pontes. As brigas, por enquanto, estão apenas na tribuna.

(UPIARA ONLINE).

 

 

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