O rombo nas contas da rede Americanas chega a R$ 20 bilhões
O rombo financeiro nas contas da Americanas (AMER3) é oito vezes maior do que o valor de mercado da companhia desde a quinta-feira (12). Segundo dados de Einar Rivero, head comercial do TradeMap, a varejista era avaliada em R$ 10,8 bilhões até o pregão de quarta-feira (11), antes do anúncio da “inconsistência financeira” de R$ 20,7 bilhões.
No entanto, com a repercussão da notícia sobre a fragilidade financeira da empresa, as ações seguiram em forte queda ao longo das negociações desta quinta. O pessimismo dos investidores fez com que os papéis encerrassem o pregão com uma desvalorização de 77,3%, cotados a R$ 2,72.
A derrocada reduziu o valor de mercado da companhia para R$ 2,4 bilhões. Ou seja, oito vezes menos do que o rombo nas contas da empresa. Confira nesta matéria o que o investidor deve fazer com a carteira de investimentos com a crise na varejista.
Apesar da seriedade do caso, Victor Bueno, analista de Small Caps da Nord Research, afirma que é preciso aguardar uma sinalização mais completa sobre a realidade financeira da varejista para entender quais são os caminhos possíveis para a recuperação da companhia. “Precisamos entender o que aconteceu e se o valor do rombo pode ser ainda maior”, afirma.
Além de Americanas, outras companhias listadas na bolsa de valores possuem uma dívida bruta acima do seu valor de mercado. Ainda de acordo com o TradeMap, das 23 empresas com as maiores dívidas brutas na bolsa, 16 possuem um valor de mercado inferior ao seu nível de endividamento.
Desse grupo, a Marfrig (MRFG3) é a que apresenta a maior diferença entre o valor de mercado e a dívida bruta. O endividamento é 11 vezes maior do que o seu valor de mercado.
Olhando para os números, surge a interpretação que outras companhias estão em uma situação semelhante ou até pior que a das Americanas (AMER3). Por outro lado, Mário Goulart, analista de investimentos e criador do canal no Youtube “O Analisto”, afirma que os investidores precisam olhar para a “qualidade” dessa dívida. Isso porque há empresas que precisam adquirir empréstimos para conseguir investir no seu negócio para produzir e gerar caixa.
“As empresas de papel e celulose, por exemplo, têm um investimento muito alto. Então, são companhias que ficam super endividadas para poder produzir. Porém, possuem uma gestão conservadora e não é algo que preocupa o investidor”, diz Goulart. O alto nível de endividamento acende um “sinal vermelho” para o mercado quando os recursos adquiridos são utilizados para gerar caixa na companhia.
No caso das varejistas, por exemplo, os custos da companhia podem se resumir apenas em três grupos: aluguel do espaço da loja física, pagamento de funcionários e compra de mercadorias. “É um tipo de empresa que não precisa de investimentos elevados (ao ponto de ser superior ao seu valor de mercado”, ressalta Goulart.
(COM INFORMAÇÕES).