Requião critica Gleise Hofmann por oferecer a ele “sinecura para trabalhar” em Itaipu

O governo Lula está apenas em sua primeira semana, mas já vive a primeira crise de relacionamento com um de seus principais aliados no Paraná. Depois de ter recusado o convite da presidente nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann, para assumir a presidência do conselho da Itaipu, o ex-governador e candidato do PT ao governo do Estado na última eleição, Roberto Requião, afirmou, em entrevista à coluna de Mônica Bergamo, no jornal Folha de São Paulo, que se sentiu “desrespeitado” pela oferta, que classificou como uma “sinecura para não fazer nada”.

Requião tinha a expectativa de ser convidado para assumir a diretoria-geral de Itaipu. Nos bastidores, os cotados para o cargo são o ex-ministro Paulo Bernardo e o advogado Juliano Breda, do grupo Prerrogativas. Ao ser preterido para o cargo, o ex-governador reagiu com irritação.

“Não achei graça nisso. Uma sinecura dourada não é o objetivo de uma vida inteira de dedicação ao interesse público”, afirma ele à coluna. “O que eu iria fazer com o compliance de Itaipu, me reunindo de 60 em 60 dias com 12 pessoas? Não tinha o que fazer lá”, disse ele, que na última eleição, foi derrotado no primeiro turnopelo governador Ratinho Jr (PSD), fazendo 26,23% contra 69,64% do oponente.

Requião alegou que se filiou ao PT em março para apoiar a candidatura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Estado, e que não pediu cargos em troca. “Entrei no PT sabendo da alta rejeição do partido no Paraná, para ajudar a ganhar a eleição. Acho que fiz isso”, alegou.

Segundo ele, após a eleição, Lula o ligou dizendo que o chamaria para um encontro em Brasília com Gleisi para discutir seu espaço no governo. “O Lula me ligou uns 25 dias atrás dizendo: ‘Requião, eu vou te ligar para você vir a Brasília e eu, a Gleisi e você discutirmos a questão de como é que vai ficar o Paraná e tudo’. Mas acabou não me ligando. De repente, eu recebo essa sondagem”, afirma, dizendo que o contato foi feito por Gleisi.

“Você já pensou o cara sair da presidência do Parlamento Euro-Latinoamericano, do Senado da República e do governo três vezes para ser bedel de Itaipu?”, reclamou Requião.

O ex-governador disse que continua torcendo pelo sucesso do governo Lula. “Eu estou apoiando o Lula porque acho que é a esperança do Brasil. Por isso eu apoiei a Dilma contra o impeachment estando no PMDB, por isso eu votei contra, por isso eu entrei na campanha, por isso eu entrei no PT”, afirmou.

Na quarta-feira, pelo twitter, Requião já havia afirmado que o cargo de conselheiro da Itaipu seria uma “boquinha de luxo. “Eu não posso, com a carga que eu tenho, arranjar um cabide dourado em Itaipu. Isso faria com que eu perdesse a minha autoestima. Não tem cabimento”, disse. “Não é ruim ganhar R$ 27 mil por mês sem fazer nada, mas é uma coisa que fere a autoestima das pessoas. Eu acho que é por aí, R$ 27 mil, R$ 30 mil, Mas seria uma coisa que eu perderia o respeito por mim mesmo”, queixou-se.

Responsabilidade – Gleisi rebateu dizendo não concordar que o cargo oferecido a Requião não é importante. “O conselho é responsável pela elaboração e pela aprovação da politica da empresa, pelo que a empresa vai fazer, como vai fazer, quem acompanha, quem aprova”, destacou. “Se fosse para não fazer nada, as empresas não tinham conselho. Tanto as públicas como as privadas têm conselhos. Os conselheiros têm responsabilidade grande, até porque, se tiver algum problema, eles também têm responsabilidade”, reafirmou.

Segundo ela, Requião pode ter se frustrado por esperar o comando de um ministério. “Muitos tinham essa expectativa e não conseguiram”, destacou. Ela disse esperar que o ex-governador ainda aceite o convite. “A gente tem um carinho e muito respeito pelo Requião. É um companheiro de grande caminhada que veio para o PT. O PT tem sido solidário com ele, e ele conosco. Espero que continuemos”, disse ela.

(COM INFORMAÇÕES).

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