Até o momento somos parte esquecida das políticas públicas do Estado de Santa Catarina
———–(*JOSÉ ERNESTO WENNINGKAM——–)
Para alguns as últimas semanas passaram voando, já para outros foram dias difíceis de serem concluídos. A campanha eleitoral nesse segundo turno tomou um corpo grandioso que fez com que muitas pessoas só desejassem que o dia 30 de outubro chegasse de uma vez por todas. E ele chegou.
Hoje é o momento onde os eleitores decidem, enfim, quem governará o País e o Estado de Santa Catarina pelos próximos quatro anos. Depois de uma corrida eleitoral que em alguns casos foi difícil de ser palatável, a pergunta que fica é a que da título a essa coluna: “O que será de nós?”
Pensei em inúmeras formas de tentar responder esse questionamento, porém muitas delas esbarram em outras tantas situações, as quais causariam inúmeros outros questionamentos.
Uma situação que foi observada nos últimos anos, foi o ar de superioridade de determinadas classes em detrimento de outras tantas. Muitas pessoas ganharam para si o direito de se sentirem melhores que aqueles que os rodeiam. Diariamente passamos a vivenciar casos de racismos, preconceitos, discriminações e humilhações, tudo isso é claro apoiado em “políticas públicas” defendidas por setores do poder.
E isso me faz lembrar da Guerra do Contestado, conflito que neste mês de outubro completa 110 anos do seu início. Naquela época o governo federal considerava as terras contestadas por Santa Catarina e Paraná, como devolutas, que não possuíam donos, assim sendo elas foram entregues para o capital estrangeiro que aqui construiu a estrada de ferro.
O resto da história a gente já conhece, porém o seu final, mais de 100 anos depois, ainda vive no dia a dia de todos os moradores do Planalto Norte Catarinense. Até o momento somos a parte esquecida das política públicas do Estado, e novamente perdemos a oportunidade de conseguir alguma representação na Alesc ou no Congresso.
Porém, no dia de hoje, onde se decidirá quem irá governar pelos próximos quatro anos o Brasil e Santa Catarina, devemos olhar bem as propostas de cada candidato. Não adianta colocar na Casa d’Agronômica alguém que acha que Santa Catarina acaba na Serra Dona Francisca e retoma apenas em Chapecó.
Assim como também não podemos colocar no Palácio do Planalto alguém que não olhe para todas as classes sociais brasileiras e, principalmente, para aqueles mais vulneráveis. Afinal, não podemos nos esquecer que mais de 33 milhões de brasileiros iguais a eu e você passam fome diariamente.
Essa comparação com a Guerra do Contestado precisa ser realizada, pois naquele tempo as pessoas que por aqui moravam não tinha acesso mínimo a políticas públicas, como educação, moradia e saúde. Tendo que além disso conviver com os desmandos de um capital estrangeiro que aqui chegou com a bondade e anuência daqueles que perante a lei os “representavam”.
Neste segundo turno é necessário que olhemos ao nosso entorno, o País e o Estado não caminharão para frente quando o meu vizinho é considerado devoluto por aquele que está no poder e, por isso, não tem comida para colocar na sua mesa.
O País e a sua tão frágil democracia regrediram em muitos aspectos nos últimos anos, a escolha de hoje não é difícil, ela é necessária para que muitos sertanejos e caboclos que há 110 anos vivem em situação de vulnerabilidade social em tantas partes do Brasil tenham, enfim, a sua dignidade estabelecida perante a democracia.
O abandono que resultou do Contestado não deve e não pode se perpetuar por mais 4 anos. A todos uma boa eleição, com responsabilidade.
(*José Ernesto Wenningkamp Jr é jornalista).