Pensar demais produz toxinas que alteram nosso poder de decisão

Pesquisadores descobriram por que nos sentimos exaustos após longas jornadas de trabalho. Um estudo divulgado pela revista Current Biology concluiu que permanecer de quatro a cinco hoje em trabalho cognitivo intenso potencializa o acúmulo de toxinas no córtex pré-frontal, parte do cérebro responsável pelas funções cerebrais, como a memória e o controle de decisões.

Essa alteração faz com que as decisões tomadas diante de situações mais complexas não sejam feitas com esforço e desempenho necessários. A partir desse período intenso, o cérebro cria involuntariamente um processo de fadiga mental, proporcionando menos pensamento e mais comodidade, esclarecem os pesquisadores.

Ele acrescenta: “Nossas descobertas mostram que o trabalho cognitivo resulta em uma verdadeira alteração funcional – acúmulo de substâncias nocivas –, então a fadiga seria de fato um sinal que nos faria parar de trabalhar, mas com um propósito diferente: preservar a integridade do funcionamento do cérebro”.

O pesquisadores buscavam compreender o que realmente é a fadiga mental. Diferentemente de computadores e máquinas, que trabalham sem parar, o cérebro não tem a mesma capacidade de produzir e adquirir novas informações, e requer descanso.

A conclusão foi que os sinais de fadiga, como a dilatação reduzida da pupila, estavam presentes apenas no grupo mais exigido no trabalho. Esses trabalhadores também optaram por recompensas de curto prazo e com pouco esforço ao longo do dia.

Inevitavelmente, esses indivíduos tinham níveis mais altos de glutamato – aminoácido mais abundante no sistema nervoso central e que atua no aprendizado e na memória – nas sinapses do córtex pré-frontal do cérebro.

Com a análise desse estudo associada a ensaios anteriores, os pesquisadores concluem que o controle cognitivo é mais complicado quando as situações do dia a dia requerem mais esforço mentalmente.

Mas existe uma maneira de contornar a capacidade limitada do nosso cérebro de pensar muito? Pessiglione é pessimista: “Eu empregaria boas e velhas receitas, como, por exemplo, descansar e dormir. Há boas evidências de que o glutamato é eliminado das sinapses durante o sono”.

O autor aconselha ainda que as pessoas a evitem tomar decisões importantes quando estão  muito cansadas.

Futuramente, os pesquisadores esperam descobrir por que o córtex pré-frontal parece especialmente suscetível ao acúmulo de glutamato e à fadiga. Outro ponto é avaliar se os mesmos marcadores de fadiga no cérebro podem prever as condições de saúde das pessoas, como a depressão ou o câncer. (R7).

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