Jogo de palavras e o reajuste dos professores
Neste final de semana, o presidente Jair Bolsonaro voltou a surpreender e autorizou aumento de mais de 30% para os professores. A Associação Nacional dos Municípios reagiu.
O jornalista e colaborador do Paraná Portal, Alceo Rizzi, faz uma análise sobre mais essa ação presidencial que tem tudo para ser inconstitucional. Veja o texto:
“Chega a ser pândega essa tentativa irresponsável do governo de anunciar reajuste de 33% sobre o salário-base do magistério da rede básica. Bem que mereceriam índice exponencialmente maior de reajuste, houvesse decência política e determinação, há anos, de se construir um país que preste, com investimentos maciços na Educação, como já deram exemplos países asiáticos.
Mas, ouvir passivamente do Ministro da Educação a cínica declaração que ele faz ao anunciar o reajuste, e de assim dar um basta “deixar de fazer dos professores uma massa de manobra”, é um deboche.
Justo quando o governo, que não vai pagar esta conta, se nega a dar reajuste mínimo de salários dos servidores públicos federais já há dois anos, incluindo professores universitários, por falta de recursos.
Sabe o ministro que está sendo intelectualmente desonesto no que diz, como se isso tivesse eventual importância diante do seu maior compromisso, o de servir indigna e sabujamente ao líder de um ambiente de delinquência.
É o ministro quem trapaceia criminosamente em sua retórica, quem faz tentativa de usar como massa de manobra os professores da rede de ensino básico, sob responsabilidade dos municípios.
Impressiona como a falta de compromisso e honestidade de propósito se anulem diante da insanidade que parece ter infectado, trágica e irremediavelmente, todo o governo, sem qualquer possibilidade de haver algum resquício de dignidade. Não há município que suporte eventual impacto em seu orçamento com o reajuste anunciado por quem não tem responsabilidade de pagar, nem compromisso com o cargo.
E, ao que parece, nem qualquer compromisso consigo mesmo”. (Alceo Rizzi).